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Mídia

Carta aberta do 247 à comunidade judaica e a todas as comunidades sujeitas ao racismo

Neste 21 de março, Dia Internacional contra a Discriminação Racial, o Brasil 247 e a TV 247 se retratam pela publicação do texto "Quem é judeu", que já motivou uma retratação do próprio autor, e lançam um ciclo de debates, em parceria com a Frente Inter-religiosa Dom Paulo Evaristo Arns por Justiça e Paz, com a finalidade de combater toda a forma de intolerância contra povos, culturas e religiões

Neste 21 de março, Dia Internacional contra a Discriminação Racial, o Brasil 247 e a TV 247 se retratam pela publicação do texto "Quem é judeu", que já motivou uma retratação do próprio autor, e lançam um ciclo de debates, em parceria com a Frente Inter-religiosa Dom Paulo Evaristo Arns por Justiça e Paz, com a finalidade de combater toda a forma de intolerância contra povos, culturas e religiões (Foto: Leonardo Attuch)
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247 – Escolhemos este 21 de março, o Dia Internacional de Combate ao Racismo, para nos retratarmos pelo erro cometido ao publicarmos, no dia 3 de março, o texto “Quem é judeu”, do colunista Lelê Teles, que, imediatamente se retratou por meio do texto "À comunidade judaica".

Mesmo retirando do ar em menos de 24 horas, o choque por deixar passar pelo controle editorial esse texto com referências negativas a toda uma coletividade, nos levou a uma reflexão profunda com pessoas com mais conhecimento do judaísmo e do antissemitismo, e pudemos compreender a justa indignação de nossos leitores da comunidade judaica.

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É nosso dever assumir a responsabilidade pelos conteúdos publicados em nossas páginas e vídeos. O fato nos alertou para o desafio de encontrar soluções, à altura da influência e alcance que conquistamos ao longo dos nossos sete anos de existência, para detectar a tempo a presença de conteúdos que entram em choque com nossas convicções, valores, e responsabilidade. Mesmo que, como mídia alternativa, categoria hoje imprescindível como fontes de informação que se contrapõem à mídia oligopolista, sejamos ainda pequenos e sujeitas a erros desse tipo (comuns também nos grandes veículos), isso não diminui a responsabilidade editorial de defender as conquistas civilizatórias do nosso país, entre as quais uma legislação exemplar em nível mundial para combate legal ao racismo e às discriminações, desde a Lei Afonso Arinos (1951) até os dispositivos da Constituição de 1988 que tornam o racismo crime inafiançável.

Por isso, nos cabe adotar cuidados redobrados, no compromisso de não admitir difamação de quaisquer grupos étnicos, raciais ou religiosos, nem de preconceitos e estereótipos que podem dar origem a discriminações e violências.  E fazemos esta retratação especial à comunidade judaica, à qual, entre tantos povos que adotaram o nosso solo, devemos tanto por trazer às lutas por igualdade e justiça figuras da importância histórica de Elisa Abramovich, Clara Charf, Jacob Gorender, Mário Schemberg, Maurício Grabois, Moacyr Scliar, Noel Nutels, Vladimir Herzog, entre milhares de outros e outras combatentes.

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Sobre o artigo de opinião que foi publicado e retirado do ar, cabe-nos dizer o seguinte, de forma cabal:

1) ele continha de fato uma visão deturpada a respeito dos judeus, de suas crenças e de sua história, visão lamentavelmente comum pela popularidade de visões conspiratórias;

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2) o artigo cai no jogo fácil e maniqueísta, denunciado já no século 19 pelo líder socialista August Bebel, ao caracterizar o antissemitismo de “o socialismo dos tolos”, de escolher um bode expiatório para as tragédias da desigualdade e da opressão social, através da demonização de um grupo humano específico;

3) o fato de serem visões infelizmente comuns para quem desconhece esse povo, pequeno mas tão importante na nossa civilização, não diminui a responsabilidade de autores que as propagam, e requerem dos editores estabelecer normas editoriais para coibir referências negativas a grupos ou comunidades. Neste caso específico, impõe-se conscientizar o autor da matéria a respeito da contradição entre essas crenças e convicções com os seus próprios ideais, que conhecemos, e que motivaram sua própria retratação.

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Decidimos ir além de uma retratação pontual, e buscar um caminho de identificação profunda e continuada com a causa do combate ao racismo, como já fazemos em programas como "Vozes da Resistência" e "Ferréz em Construção", na TV 247. Decidimos dar início no Brasil 247 e na TV 247, neste 21 de março, a uma programação de conteúdos relacionados ao combate ao racismo, na qual certamente seremos acompanhados por outros órgãos da mídia alternativa, com o objetivo de ampliar e aprofundar no Brasil a compreensão e o combate organizado às diversas formas que o racismo vem assumindo no país. No contexto do racismo e à intolerância em geral, damos relevância ao antissemitismo, até pela frequente confusão comumente feita entre judaísmo, sionismo e as políticas do Estado de Israel.  O antissemitismo, em vista da opressão continuada aos judeus por dois milênios na Europa, não pode ser jamais esquecido, e entendemos que o combate a ele deve ser parte de uma luta universalista por democracia, justiça e pela proteção dos avanços civilizatórios no Brasil. O ovo da serpente é o mesmo, e não podemos aceitar que seja nutrido.

Como primeiro ato desse compromisso, convidamos para a mesa de debates que a TV 247 realizará, com a parceria da Frente Inter-religiosa Dom Paulo Evaristo Arns por Justiça e Paz, nesta quarta-feira 21 de março, às 11 horas, em celebração ao Dia Internacional de Combate ao Racismo. Com mediação da editora Gisele Federicce, o rabino Alexandre Leone, doutor em ciência judaica, e a sacerdotisa no candomblé Janaína Teodoro debaterão como o racismo a intolerância religiosa ainda estão presentes na sociedade brasileira – e como este mal deve ser enfrentado.

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