Casamento de Cachoeira: jornalismo à Al Capone?

Repórter da revista Carta Capital, Leandro Fortes questiona cobertura da Folha de S.Paulo sobre o casamento de Carlinhos Cachoeira: "Andressa, a noiva, foi indiciada por corrupção ativa pela Polícia Federal por ter tentado chantagear o juiz Alderico Rocha Santos. Ela ameaçou o juiz, responsável pela condução da Operação Monte Carlo, com a publicação de um dossiê contra ele. (...) Mas nada disso foi sequer perguntado aos pombinhos. Para quê incomodar o casal com essas firulas, depois de um ano tão estressante?"

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Casamento de Cachoeira: jornalismo à Al Capone? (Foto: Edição 247)


247 - Condenado pela Justiça por peculato, entre outros crimes, o contraventor Carlinhos Cachoeira se casou na noite desta sexta-feira com Andressa Mendonça, indiciada por chantagear um juiz federal em defesa do agora marido. E o destaque do evento, afora o requinte da cerimônia, foi o beijo que o noivo deu no pé da noiva.

O jornalista Leandro Fortes, da Carta Capital, estranhou o tratamento condedido pela reportagem ao bicheiro e, em texto publicado em seu perfil Facebook, taxou a cobertura de "jornalismo à moda de Al Capone", o célebre gângster ítalo-americano. Leia a análise abaixo:

Leandro Fortes: Casamento de Cachoeira, Jornalismo à moda de Al Capone

O que é mais incrível não é a Folha de S.Paulo mandar uma repórter "enviada especial" a Goiânia para cobrir o casamento de um mafioso com uma mulher indiciada por chantagear um juiz federal para tirá-lo da prisão, e sequer citar esse fato.

Carlinhos Cachoeira, vocês sabem, tem trânsito livre na imprensa brasileira. Dava ordens na redação da Veja, em Brasília, e sua turma de arapongas abastecia boa parte das demais coirmãs da mídia na capital federal.

Andressa, a noiva, foi indiciada por corrupção ativa pela Polícia Federal por ter tentado chantagear o juiz Alderico Rocha Santos.

Ela ameaçou o juiz, responsável pela condução da Operação Monte Carlo, com a publicação de um dossiê contra ele. O autor do dossiê, segundo a própria? Policarpo Jr., diretor da Veja em Brasília.

Mas nada disso foi sequer perguntado aos pombinhos. Para quê incomodar o casal com essas firulas, depois de um ano tão estressante?

O destaque da notícia foi o mafioso se postar de quatro e beijar os pés da noiva, duas vezes, a pedido dos fotógrafos.

No final, contudo, descobre-se a razão de tanto interesse da mídia neste sinistro matrimônio no seio do crime organizado nacional.

Assim, nos informa a Folha:

"Durante o casamento, o noivo recusou-se a falar sobre munição que afirma ter contra o PT: 'Nada de política. Hoje, só falo de casamento. De política, só com orientação dos meus advogados'."

É um gentleman, esse Cachoeira.

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