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    Clóvis Rossi prega descentralização da mídia

    Colunista da Folha diz que uma das lies do caso Murdoch a necessidade de se combater a propriedade cruzada nos meios de comunicao

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    247 - A mídia, no mundo, está sendo julgada depois do caso Murdoch. E uma das questões mais relevantes diz respeito à excessiva concentração dos meios de comunicação em vários países, especialmente no Brasil. Na Folha de hoje, Clóvis Rossi escreve artigo a respeito, pregando a democratização da mídia. Leia:

    Murdoch ou quando "Deus" fica nu

    CLÓVIS ROSSI

    ED MILIBAND, líder do Partido Trabalhista britânico, tocou a tecla certa, em entrevista domingo ao "The Observer": considerou "perigosa" a concentração da propriedade de meios de comunicação em poucas mãos, em alusão a Rupert Murdoch, o dono do império midiático hoje no centro de um imenso escândalo.

    "Temos que ver o que fazer quando ocorrem casos em que uma pessoa controla mais de 20% do mercado de mídia", disse Miliband durante a entrevista.

    Bingo. Vale para o Reino Unido, vale para o Brasil, vale para o mundo. Aqui, tem sido "pouco saudável", por exemplo, o domínio da família Magalhães sobre o principal jornal, a principal rádio e a retransmissora da Rede Globo na Bahia.

    Diga-se o mesmo a respeito da família Sarney no Maranhão, bem como de outras famílias políticas em outros Estados, graças à farra de concessões de rádio e TV a políticos, tema de recente reportagem desta Folha.

    É curioso que os petistas furibundos fizeram inúmeras tentativas de aprovar legislação sobre "controle da mídia", mas que não tocavam no ponto chave que é a propriedade cruzada de meios de comunicação -capítulo que os Estados Unidos resolveram razoavelmente bem.

    Controlar a mídia é tarefa do leitor/ouvinte/telespectador. Eu tenho horror ao sensacionalismo, mas sei muito bem que meu gosto é minoritário, no Brasil como no Reino Unido ou qualquer outro país.

    Rupert Murdoch não tinha 2,7 milhões de capangas armados de metralhadoras para forçar os ingleses a esgotar a tiragem do "News of the World".

    Aliás, a propósito, vale reproduzir com uma ponta de orgulho corporativo a frase de Timothy Garton Ash, um dos intelectuais mais na moda na Europa, em seu artigo de ontem para "El País": "O melhor jornalismo britânico pôs a nu o pior", em alusão à incessante campanha do jornal"Guardian" para expor as indecências do "NoW".

    Pois é, deixado livre, o melhor jornalismo acaba se impondo, por muito que demore.

    Se controle da mídia é função do público, o da concentração excessiva é, aí sim, tarefa da legislação.

    Ainda mais se a concentração fica nas mãos de alguém sem escrúpulos, que acaba impondo o reino do medo, que paralisa o mundo político.

    É o caso de Rupert Murdoch, assim retratado ontem, no "Guardian", pelo colunista Charlie Brooker:"Poucas semanas atrás, Murdoch, ou, mais exatamente, as tendências mais selvagens da imprensa, representavam Deus. (...) Você nunca deve irritar Deus. Deus carrega imenso poder. Deus pode escutar tudo o que você diz. Você deve reverenciar Deus, e agradá-lo, ou Deus vai destrui-lo".

    Agora que "Deus" Murdoch está caindo em desgraça, o temor e as reverências deram lugar à constatações que deveriam ser óbvias há muito tempo, como a que fez Ed Miliband. E os "políticos britânicos fazem fila para denunciar Murdoch", como completa Brooker.

    O próprio "Guardian", aliás, com o gostinho da vitória ainda fresco, pede a cabeça do primeiro-ministro David Cameron, por ter empregado Andy Coulson, ex-editor do "NoW", como seu assessor de imprensa -típica atitude de quem queria comprar as graças de "Deus".

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