Collor vai ao ataque e pede Policarpo e Civita na CPI
Senador critica reportagem da Veja que contribuiu para evitar, em 2005, a prisão de Cachoeira: "Se não fosse aquela reportagem (sobre a CPI da Loterj), será que o senhor Cachoeira não estaria até hoje preso?; também sobrou para o dono da Abril: “Está na hora de desmascararmos esse senhor e seus negócios”
247 – O senador Fernando Collor (PTB-AL) defendeu, nesta segunda-feira 14, a convocação do jornalista Policarpo Jr., diretor da sucursal de Brasília da revista Veja, e de Roberto Civita, dono da Editora Abril, para a CPI do Cachoeira. “Quando uma pessoa adere a um intento criminoso de outrem, torna-se coautor do crime”, sugeriu o ex-presidente, que se concentrou numa reportagem publicada pela Veja em 2005 para criticar a relação entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e Policarpo.
“O senhor Policarpo mantém, há quase uma década, estreita ligação com o senhor Carlos Cachoeira. Esse confrade depôs, em 22 de janeiro (na verdade, o mês é fevereiro) de 2005, como testemunha de Carlos Cachoeira em processo do Conselho de Ética da Câmara. À época, na condição de informante, Policarpo admitiu ter recebido 4 CDs com 5 horas de gravação ilegal encomendada por Carlinhos Cachoeira”, disse Collor.
O senador se refere ao processo de cassação do deputado André Luiz (então PMDB-RJ), acusado de tentativa de extorsão graças a uma matéria publicada pela Veja e assinada pelo então repórter Policarpo. A reportagem revela diálogos em que o deputado pedia R$ 4 milhões a Cachoeira para que o nome do bicheiro fosse retirado do relatório final da CPI da Loterj, da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. À época, Policarpo chegou a depor contra André Luiz (e, portanto, em favor de Cachoeira), num processo que culminou na cassação do deputado e na desmoralização da CPI da Loterj. Cachoeira se livrou de uma prisão dada como certa.
“Não seria melhor se Policarpo e o serviço que o aluga não tivessem ajudado o tal contraventor? Se não fosse aquela reportagem e aquele depoimento, será que o senhor Carlos Cachoeira não estaria até hoje preso ou suas atividades ilícitas não teriam se estancado desde aquela época?”, questionou. “Naquela ocasião não houve nenhuma reação, nenhum espanto ou contrariedade por parte dos meios pelo fato de ser um jornalista atuando como testemunha da sua fonte. Por que só agora?“, questionou Collor, que aproveitou para propor uma discussão sobre o atual papel da imprensa no País.
“Por que um segredo de justiça deve ser violado e um sigilo de uma fonte criminosa, não? Até que ponto e em que condições uma fonte criminosa tem de ser acobertada pelos meios? Até que ponto a liberdade de imprensa não está se transformando em libertinagem da imprensa?“, provocou o ex-presidente, que deixou o Palácio do Planalto após uma série de reportagens contrárias – a mais impactante delas, uma entrevista de seu irmão Pedro Collor, publicada pela Veja.
Civita
Seja por mágoa ou dever de ofício, o fato é que Collor também defendeu a convocação de Roberto Civita para depor na CPI sobre a “coabitação que, a seu mando, a revista de sua propriedade e alguns de seus jornalista mantêm com o crime organizado”. “Está na hora de desmascararmos esse senhor e seus negócios”, defendeu o senador, que se disse um defensor da imprensa.
“Sempre defendi a liberdade de imprensa. Mesmo na CPI em que me alvejaram, sempre abri todas as informações. Ninguém tem autoridade para dizer que eu não defendo a liberdade de imprensa. Meu desejo é que a CPI funcione a contento. De preferência viabilizando e permitindo que esses jornalistas e seus veículos descortinem como vem se dando a estreita relação que eles vêm mantendo com criminosos”, finalizou.
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