CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Mídia

Desintoxicação digital? Ainda não!

Nesse novo ecossistema digital, todos tendem a criar um discurso narcísico, afinal a troco de quê eu deveria expor nesses espaços que eu estou triste ou que terminei meu namoro?

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por que temos que estar em todas as redes sociais? Por que desconfiamos de alguém que não está no Facebook? Por que, ao chegar uma notificação em nosso smartphone que fomos marcados em uma foto, temos que parar tudo naquele exato instante para conferir? Por que nos intoxicamos com essas novas redes digitais e ficamos online praticamente o dia inteiro? Pra mim, todas essas são perguntas ainda sem respostas claras. O fato é que essas chamadas redes sociais fazem parte de uma nova revolução digital que impacta nossas relações com as pessoas e com as marcas. Há pensadores contemporâneos que classificam esse cenário como uma verdadeira revolução, a exemplo do que foi o surgimento da escrita, a revolução industrial, a revolução gutemberguiana da imprensa ou a revolução francesa séculos atrás. Eu sou obrigado a concordar.

Podemos dar um zoom out e analisar as redes sociais sob diversos aspectos. Em um primeiro momento, como uma ideia que surgiu dentro de um dormitório de Harvard, onde o judeu neoliberal Mark Zuckerberg criou uma das empresas mais inovadoras do mundo, e que recentemente contratou o multipremiado arquiteto Frank Gehry  – responsável pelo emblemático edifício do Museu Guggenheim de Bilbao – para desenvolver o projeto de expansão da sede de sua empresa em Palo Alto. Ao mesmo tempo em que as ações da empresa sofrem uma certa turbulência, Zuckerberg encomendou um conjunto que ocupará um terreno de 90 mil metros quadrados, na área conhecida como Menlo Park, onde está o quartel-general da gigante das redes sociais. Zuckerberg concebeu o Facebook para conectar as pessoas entre si? Eu prefiro acreditar que não.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Podemos também analisar as redes sociais como meras plataformas mercadológicas onde as marcas criam, nada mais nada menos, do que mais um ponto de contato com seus consumidores e demais públicos de interesse. A partir do momento que uma empresa decide criar um fanpage ou um perfil no Twitter, precisa ter ciência de que está abrindo a guarda, pois acaba de deixar escancarada uma porta "digital", ou seja, um porta online, mais nefrálgica, mais exposta e mais mensurável. Ela acaba de criar um "touch-point" tão importante quanto o seu 0800, tão importante quanto o balcão de sua loja ou um anúncio publicitário, e até mesmo tão importante como a forma que se relaciona com um fornecedor. Afinal tudo comunica a marca. Quer expor sua marca nas redes sociais? A receita de bolo é: prepare-se, capacite-se, planeje e crie um processo, atue de forma relevante e muito, mas muito criteriosa.

Por fim, pode-se analisar as redes sociais como esses novos ambientes digitais onde se constroem jogos discursivos e narrativas envolventes. O magnetismo criado pelas redes sociais é intenso pois no mundo online não há todas as exigências do mundo real, certo? Ligar para dar parabéns a cada um dos meus sete aniversariantes custa dinheiro, tempo e disposição. Prefiro escrever um "parabéns e tudo de bom" e viva o Ctrl+C e Ctrl+V! Há quem prefira nem ligar e nem dar parabéns via Facebook, e simplesmente "curte" a mensagem de parabéns de um terceiro. Assunto resolvido!

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Nesse novo ecossistema digital, todos tendem a criar um discurso narcísico, afinal a troco de quê eu deveria expor nesses espaços que eu estou triste, que terminei meu namoro ou então dizer que aquele novo emprego que consegui não vai nada bem. Muito pelo contrário, nesses novos espaços digitais minha vida é bela, estou sempre jantando em lugares transados, as minhas piadas e frases clichês são as mais originais e a minha filha vestida de caipirinha é a mais bonitinha do bairro. Todos estão fazendo vigília sobre tudo que posto, publico e compartilho.

Há quem tenha adotado recentemente o chamado "detox digital", ou processo de desintoxicação digital, afinal essas coisas viciam e ceifam nossa atenção durante boa parte do dia, certo? Uma conhecida minha me relatou recentemente que saiu do Facebook. Ela me relatou o que eu já suspeitava: quando você pede para sair, a rede social não mata sua conta e te dá a opção de deixá-la adormecida. Você pode voltar quando bem entender, como se nada tivesse acontecido. O problema é se você sair do Facebook e ninguém perceber!

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Todo mundo está no Facebook hoje, certo? Errado! Cerca de 30% da população brasileira usa a rede. Recentemente, em uma rápida sondagem que fiz em uma sala de aula que leciono, perguntei a todos: "Quem não usa Facebook?". Cerca de dez estudantes levantaram a mão. Uma das justificativas foi: o Facebook é muito chique. Parei para pensar e conclui que eles têm razão. O "look-and-feel" do Facebook é azul e na teoria das cores azul é nobreza. O próprio nome "Facebook" é um rebuscado termo estrangeiro. Já outra parcela dos alunos disse preferir a fazendinha do velho e bom Orkut.

Detox digital? Obrigado, mas ainda não. Afinal, como é que eu iria divulgar esse texto sem o meu Facebook?

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Marcos Hiller (@marcoshiller) é Coordenador do MBA de Marketing, Consumo e Mídia Online da Trevisan Escola de Negócios

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247,apoie por Pix,inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO