“Devo dizer que falhei”. Murdoch, na CPI inglesa
Na Inglaterra, bero da imprensa livre, o magnata das comunicaes Rupert Murdoch falou ontem sobre os grampos ilegais do News of the World e se disse vtima do esquema; aqui, o PT, que prometia uma postura aguerrida diante da revista Veja, se mostra calado; houve algum conchavo?
247 – Manchete desta manhã do serviço de notícias da Bloomberg: “Rupert Murdoch admite ter falhado ao não conseguir evitar o escândalo dos grampos da News Corp.”. Maior empresário de comunicações do mundo, Murdoch depôs ontem numa comissão de inquérito do parlamento inglês. “Devo admitir que falhei”, afirmou o empresário australiano, diante dos parlamentares. A notícia está estampada nos principais jornais da Inglaterra e do mundo, onde a imprensa é livre e não se coloca como um poder acima do bem e do mal.
A comissão foi criada na Inglaterra para investigar o caso de grampos ilegais do tabloide News of the World, um jornal centenário, que pertencia a Murdoch e foi fechado no ano passado. Descobriu-se que o jornal publicava notícias a partir de grampos ilegais fornecidos por policiais da Scotland Yard. Até mesmo gravações de uma jovem assassinada num atentado terrorista foram publicadas pelo News of the World. “Alguns jornais estão mais próximos do meu coração do que outros”, disse Murdoch, sinalizando que não acompanhava de perto o que se passava no News of the World.
De acordo com Murdoch, seu grupo de comunicação foi vítima da má conduta de alguns profissionais. “Talvez algum editor, mas provavelmente pessoas que estavam abaixo tomaram decisões erradas, que nos tornam vítimas também deste caso”. Na prática, o empresário australiano empurrou a responsabilidade pelos grampos ilegais a funcionários subalternos da sua organização. De todo modo, depois do escândalo, Murdoch foi impedido de assumir o controle a BSkyB, uma operadora de televisão a cabo, perdendo um negócio de US$ 12,6 bilhões.
O caso Veja
O fato de Murdoch estar depondo numa CPI inglesa sem que isso seja encarado como um atentado à liberdade de expressão, como tentam fazer crer, no Brasil, porta-vozes da Editora Abril e da revista Veja, chega em má hora para o empresário Roberto Civita. Publisher de Veja, Civita tem verdadeiro pânico de ser escalado para depor numa comissão de inquérito, onde teme ser humilhado. Por isso mesmo, determinou que o presidente da Abril, Fábio Barbosa, fosse a Brasília na semana passada para fazer lobby contra a sua convocação.
Até agora, funcionou. O PT, que prometia uma postura aguerrida contra os grampos e filmes ilegais publicados nos últimos anos pela revista Veja, produzidos por Carlos Cachoeira e Dadá, mantém-se estranhamente silencioso. O deputado Fernando Ferro (PT-PE), que prometia lutar pela convocação de Civita, ainda não deu uma palavra. E, comenta-se, em Brasília, que até João Roberto Marinho, da Globo, estaria pressionando deputados e senadores para que Civita não seja convocado.
Em relação ao caso, a Abril tomou ainda outra medida preventiva, que foi a publicação de uma reflexão sobre ética jornalística escrita por Eurípedes Alcântara, diretor de Veja, em que se defende a empresa, mas se joga na fogueira o jornalista Policarpo Júnior, editor responsável pelos contatos mais diretos com Cachoeira. Portanto, se Civita for convocado, poderá repetir o que disse Murdoch: que não sabia o que ocorria na sua própria organização.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: