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    Dirceu ironiza proposta da Folha para mídias sociais

    Ex-ministro José Dirceu destaca que a Folha defende a regulação das mídias sociais, mas rejeita essa mesma regulação para a imprensa; "O editorial da Folha reflete uma realidade que já se expressou na aprovação da regulação da TV a cabo, que contou com apoio da Globo, única e exclusivamente para impedir que as teles produzissem conteúdo", analisa

    Dirceu ironiza proposta da Folha para mídias sociais

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    247 - O ex-ministro José Dirceu criticou nesta segunda-feira, em seu blog, o editorial de domingo em que a Folha de S.Paulo cobrou a regulação das mídias sociais. O petista vê incoerência na cobrança. Leia:

    Imprensa rejeita regulação para si, mas pede para os outros

    Neste domingo, a Folha de S.Paulo publicou um editorial com ressalvas ao jornalismo feito nas redes sociais e criticando a forma como elas disseminam produtos jornalísticos que não criaram (sem pagar aos veículos de imprensa). Por fim, o jornal diz que esses pontos precisam ser enfrentados pelo projeto do Marco Civil da Internet, em tramitação na Câmara. Em resumo, a Folha defende a regulação das mídias sociais (lembrando que o jornal rejeita essa mesma regulação para a imprensa).

    O editorial da Folha reflete uma realidade que já se expressou na aprovação da regulação da TV a cabo, que contou com apoio da Globo, única e exclusivamente para impedir que as teles produzissem conteúdo.

    Naquela ocasião, a mídia aceitou a regulação da TV a cabo, e não da TV aberta. A realidade se impôs, e agora começa a se repetir. Primeiro foi a Globo – ela de novo – com os documentos que revelam a espionagem institucionalizada dos Estados Unidos mundo afora; mas o alvo eram os grandes monopólios como o Google e o Facebook.

    A mídia tupiniquim tem vários desafios; não só as teles, mas também o capital estrangeiro que está chegando à publicidade e ao audiovisual, a internet que muda toda a composição dos gastos em publicidade e revoluciona a comunicação e o jornalismo.
    Mas essa mídia preferiu impor a estupidez, para não dizer burrice, de que regulação é censura, como fez no começo do governo Lula com o Conselho Federal dos Jornalistas e a Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual), para aceitar a Ancine como agencia reguladora na TV a cabo.

    Assim como vai pedir a regulação, como já fez a Folha, regulação com objetivos corporativos, palavra bonita para dizer interesses comerciais e políticos, já que a mídia é essencialmente um ator político – no nosso caso, agravado pelo monopólio e pela ausência total de regulação segundo o que manda a nossa Constituição –, e não apenas para defender a "imprensa brasileira e o conteúdo nacional".

    Quando interessa aos barões da mídia nativa, clamam contra a invasão estrangeira e a inevitável hegemonia da internet e das redes sociais, contra o fim de sua importância e sua relevância política como instrumento de pressão sobre os governos e suas políticas de acordo com os interesses de seus donos, de seus negócios e ideologias, de suas preferências políticas e partidárias.

    Ontem, foi a regulação da TV a cabo; hoje é das redes sociais. Mas a da própria mídia é tratada como censura, o que evidentemente é insustentável até do ponto de vista ético.

     

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