HOME > Mídia

Elio Gaspari condena enrolação de Tarcisio na educação e sugere corrupção de Feder na ideia de acabar com os livros

Segundo o jornalista, o fim dos livros impressos pode ter como pano de fundo um esquema de venda de produtos eletrônicos

Renato Feder (à esq.) e Tarcísio de Freitas (Foto: Flávio Florido/Seduc-SP)

247 – O jornalista Elio Gaspari condena duramente a proposta do governador Tarcisio de Freitas de acabar com os livros nas escolas públicas de São Paulo, substituindo-os por powerpoints eletrônicos. O que já seria condenável do ponto de vista pedagógico pode ter como pano de fundo um grande esquema de corrupção, aponta Gaspari em sua coluna sobre "a pedagogia da enrolação".

"O uso de equipamentos eletrônicos nas escolas é uma janela para o futuro, mas a experiência de Pindorama nessa área tem mais a ver com malfeitorias de todos os tempos. Estão aí os kits de robótica superfaturados que foram para prefeituras alagoanas. Também esteve aí a compra bilionária de laptops pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, barrada pela Controladoria-Geral da União. O secretário Feder disse que neste semestre poderá distribuir para estudantes 20 mil celulares apreendidos pela Receita Federal. Como, não explicou. Sabe-se que o secretário é acionista de uma empresa que vendeu ao governo de São Paulo, na administração passada, 97 mil notebooks, no valor de R$ 200 milhões", escreve Gaspari.

"Atrás dos livros didáticos impressos existe um mercado bilionário, e atrás da pedagogia digital existe outro, mais complexo. A Bíblia de Gutemberg, impressa no século 15, está nos museus e, além dos cuidados de limpeza, não exige manutenção. As plataformas eletrônicas exigem manutenção permanente e dispendiosa. A ideia segundo a qual um estudante pode optar pelo livro impresso ou sua versão eletrônica é pura enrolação. Se o governador e seu secretário querem modernizar o ensino público de São Paulo, podem fazê-lo sem truculência ou enrolações. Basta que se movam ao ritmo da burocracia, evitando a sofreguidão, muitas vezes tóxica, do ritmo de empresários interessados em fechar negócios", aponta ainda o jornalista.