‘Em CPI do Cachoeira, oposição é alvo da ira mal resolvida do PT’
Clima de 'vendetta' ocorre porque petistas consideraram injusto tratamento durante escndalo do mensalo no governo Lula, diz Fernando Rodrigues, da Folha. O problema que ainda no se sabe at onde vai a teia do bicheiro
247 – Em um artigo publicado nesta quarta-feira na Folha de São Paulo, Fernando Rodrigues fala do clima de euforia do PT com a investigação contra Cachoeira e o senador Demóstenes Torres. O partido considera a apuração uma chance de ir à forra contra o que restou da oposição. Os petistas consideraram injusto o processo do mensalão -o mais grave caso de corrupção durante o governo Lula e que destruiu a carreira de vários políticos. Mas como lembra o jornalista da Folha, como a teia de negócios de Cachoeira ainda está longe de ser conhecida, é impossível prever que a CPI será pródiga em encontrar provas só contra políticos da oposição.
Leia o artigo da Folha:
Em meados de 1992, o então coordenador político do governo federal, Jorge Bornhausen, foi indagado sobre sua opinião a respeito da CPI do Collorgate. "Essa CPI não vai dar em nada", respondeu.
No final daquele ano, o então presidente Fernando Collor -hoje senador pelo PTB de Alagoas- acabou perdendo o mandato depois de um rumoroso processo de impeachment.
No caso da CPI que investigará os negócios de Carlinhos Cachoeira e as traficâncias de políticos de vários partidos com o mundo da contravenção, o governo também está dizendo que nada afetará o Palácio do Planalto. Mas essa é uma afirmação que não pode ser feita de maneira científica.
Quando Bornhausen falou sobre a CPI do Collorgate, estava também tentando fazer o trabalho de esfriamento do clima político.
Até porque, como se ouve há décadas em Brasília, CPIs a gente sempre sabe como começam, mas nunca como terminam.
O que é possível enxergar no caso da "CPI do Cachoeira" é um desejo irrefreável de parte majoritária do PT e de partidos lulistas agregados. Todos consideram a apuração uma chance de ir à forra contra o que restou da oposição.
O clima de "vendetta" ainda existe por causa do tratamento que os petistas e seus aliados mensaleiros consideraram injusto no processo do mensalão -o mais grave caso de corrupção durante o governo Lula e que destruiu a carreira de vários políticos.
Integrantes do PSDB e do DEM são alvo da ira mal resolvida dos petistas.
Também é comum ouvir no Congresso que deve ser convocado para depor o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, responsável pela apresentação da denúncia do mensalão.
Por fim, os governistas vislumbram a possibilidade de usar a "CPI do Cachoeira" para constranger jornalistas que usaram as informações do empresário na apuração de reportagens.
Como a teia de negócios de Cachoeira ainda está longe de ser conhecida, é impossível prever que a CPI prestes a ser instalada será pródiga em encontrar provas só contra políticos da oposição.
Mas os petistas não parecem considerar haver risco real e estão entusiasmados com a investigação.
O clima é de descontrole. O Palácio do Planalto também dá indicação de estar contaminado pela onda.
Como política não é uma ciência exata, a falta de estratégia definida provoca ainda mais incertezas a respeito do desfecho dessa CPI.
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