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Estado de S. Paulo insulta Lula por celebrar a derrota de Hitler

Jornal paulista classificou a visita de Lula a Moscou como o “dia da infâmia”

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião com o Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin. Grande Palácio do Kremlin, Rússia - Moscou. (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
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247 - O jornal O Estado de S. Paulo atacou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por participar, nesta semana, da cerimônia em Moscou que homenageia a vitória da União Soviética sobre o regime nazista. Em editorial publicado neste sábado (10), o veículo conservador classificou o gesto como “vexame moral” e “fiasco geopolítico”, desconsiderando a importância histórica da data e o respeito que o Brasil, historicamente, tem pelos milhões de soldados soviéticos e aliados que tombaram para pôr fim ao terror de Adolf Hitler. Ao ignorar esse legado, o Estadão não apenas promove uma visão distorcida da história, como também insulta a memória das vítimas do nazismo e desinforma seu público em nome da disputa ideológica.

A crítica parte de uma falsa equivalência entre a homenagem ao fim da Segunda Guerra Mundial e o apoio ao governo russo atual. O Estadão acusa Lula de legitimar a guerra na Ucrânia, quando, na verdade, o presidente brasileiro tem reiterado seu apelo por negociações de paz e pelo fim dos conflitos armados. O Brasil, sob a liderança de Lula, busca reforçar seu papel como defensor da autodeterminação dos povos e da solução pacífica dos conflitos — valores consagrados na Constituição e na tradição diplomática brasileira.

Ao contrário do que sugere o jornal, a solenidade em Moscou, celebrada anualmente no 9 de maio, é reconhecida internacionalmente como um tributo à resistência contra o nazismo. Foi o Exército Vermelho que impôs as maiores derrotas a Hitler, e a União Soviética perdeu cerca de 27 milhões de vidas na guerra. Reconhecer esse sacrifício não significa apoiar qualquer regime atual, mas manter viva a memória do que foi necessário para que o fascismo fosse derrotado.

Lula participou da cerimônia como chefe de Estado de um país soberano, e não como aliado de regimes autoritários. A presença brasileira na comemoração simboliza respeito à história e compromisso com a paz. O próprio presidente reafirmou, em diversas ocasiões, que sua missão no cenário internacional é buscar o diálogo, recusar alinhamentos automáticos e defender os interesses do Brasil em um mundo multipolar.

Ao reduzir esse gesto a uma suposta “bajulação de ditadores”, o Estado de S. Paulo opta por um revisionismo perigoso, em que o combate ao nazismo se torna coadjuvante diante do objetivo maior: atacar o presidente da República. Deslegitimar a luta antifascista para criticar a política externa brasileira revela mais sobre o viés do jornal do que sobre os fatos em si.

Ao chamar o ato de Lula de “dia da infâmia”, o Estadão rebaixa o debate público e erra duplamente: desrespeita a memória da Segunda Guerra e deturpa o papel histórico do Brasil como defensor do multilateralismo e da paz. O povo brasileiro, que também lutou contra o nazismo com a Força Expedicionária Brasileira, não pode aceitar que a história seja manipulada em nome de uma agenda partidária. Lembrar os horrores da guerra e honrar seus mortos é um dever de todos os que desejam que ela nunca se repita. Lula cumpriu esse dever. E foi atacado por isso.

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