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Ex-militante petista contesta artigo de Breno Altman

Paulo de Tarso Venceslau, companheiro de José Dirceu na época da ditadura, afirma que o jornalista não se preocupa com a história e faz "conveniente omissão" em artigo publicado pelo 247 sobre a biografia do ex-ministro; contrário às "lambanças" de Dirceu na direção do PT, ele foi expulso do partido em 1998; segundo Altman, declarações do "inimigo figadal" de Dirceu ao livro de Otavio Cabral foram tratadas como "verdades cristalinas, sem qualquer contraponto"

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247 - Citado pelo jornalista Breno Altman num artigo publicado com exclusividade pelo 247 nesta segunda-feira, sobre a biografia de José Dirceu, o ex-petista Paulo de Tarso Venceslau decidiu escrever uma resposta. 

Segundo ele, Altman faz "conveniente omissão" (ou revela desconhecimento, como ele próprio sugere) em seu texto. O ex-militante do PT, amigo de Dirceu na época de ditadura, afirma ter sido expulso do partido em 1998 por ser contra as "lambanças" do "compadre de Lula" na direção da legenda e diz que chegou a sofrer um atentado enquanto investigava irregularidades contra o ex-ministro. Breno "ficaria corado", diz ele, "diante do stalinismo da direção petista que tenta me apagar da verdadeira História".

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Em seu texto, pelo qual critica a falta de comprovação, pelo autor Otávio Cabral, de uma série de informações publicadas na biografia de Dirceu e da falta de imparcialidade do escritor ao escolher apenas inimigos do biografado como entrevistados, Breno Altman diz que Paulo de Tarso é "um dos depoentes que dá a cara" e que seus relatos foram tratados como "verdade cristalina, sem qualquer contraponto".

Leia aqui o artigo de Altman: Biografia de Dirceu é caso para o Procon. E abaixo a íntegra da resposta de Paulo de Tarso, enviada ao 247:

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Resposta a Breno Altman

Brasil 247 veiculou uma crítica de Breno Altman sobre o livro "Dirceu, A Biografia", do jornalista Otávio Cabral, um dos editores da revista Veja, subordinado de Fábio Altman, um dos quatro redatores-chefes e irmão de Breno.

Não vou fazer outra crítica. Quero apenas responder ao Breno, uma vez que fui citado em seu texto. Vejamos:

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1 - Dei entrevista ao Otávio, assim como para Mário Magalhães sobre Carlos Marighella e muitas outras entrevistas como a do Jornal da Tarde, 1997, a respeito das maracutaias e lambanças que o compadre de Lula fazia junto às administrações petistas com o conhecimento e aprovação do Chefe. Por causa disso, fui expulso do PT em fevereiro de 1998. Tenho orgulho disso. Até porque sobrevivi. Breno é um jornalista bem informado e sabe muito bem que em 1993 eu sofri um atentado na rodovia Ayrton Senna, exatamente no período em que, como secretário da Fazenda de São José dos Campos, administrada pela então prefeita Ângela Guadagnin, eu investigava e acabei comprovando através de provas materiais que a empresa representada pelo compadre do Chefe usava de métodos não convencionais para obter vantagens de prefeituras, principalmente pelas administradas por petistas. Lula, seu compadre, Dirceu, Paulo Okamoto, Paulo Frateschi me processaram. Perderam todas as ações. História velha. Portanto, só depois de 1997 eu me afastei do José Dirceu. O PT dirigido por ele desde 1995 não fez nada apesar do relatório assinado por Hélio Bicudo, Paul Singer e José Eduardo Cardoso, hoje ministro de Justiça. Será que o Breno leu esse relatório? E o aprovado pela Comissão de Ética do Diretório Nacional e posteriormente substituído por outro a mando do Chefe? Porque o PT não disponibiliza na internet o conteúdo de todos esses documentos? Repito, história velha, mas que na época apontava o caminho que esse partido trilhava e o levou para o brejo ideológico e moral, apesar do sucesso político. Quem será que mudou?

2 - Breno, pelo jeito, desconhece o tipo de relação que existia entre mim e José Dirceu. Não sabe que na segunda metade dos anos 1970, por exemplo, depois que fui solto após passar mais de 5 anos preso, eu me encontrava com Dirceu regular e clandestinamente. Antes de seguir para Cuba para retirar a prótese ridícula do nariz, Dirceu ficou alojado por cerca de dois meses na casa de meu irmão, no bairro da Saúde. Breno ignora que fui eu quem organizou a festa de recepção ao perseguido político que retornava do exílio e muito menos que, depois da anistia, Dirceu hospedou-se inúmeras vezes e por diferentes períodos em minha casa, onde hoje reside meu filho. Nunca agradeceu a comida e a roupa lavada pela saudosa Guiomar, minha empregada, e tampouco ao meu irmão que continua vivo.

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3 - Breno faz questão de ignorar aquela situação que hoje pode parecer folclore mas implicava em risco de vida, ou seja, havia enorme confiança entre nós – Dirceu e eu. Atenção para o tempo do verbo: havia.

4 - Quando Breno afirma que "um dos depoentes que dá a cara é o ex-petista Paulo de Tarso Venceslau. Amigo de Dirceu no movimento estudantil, depois dos anos 90 virou inimigo" e que meus "relatos são tratados pelo autor (Otávio Cabral) como verdades cristalinas, sem qualquer contraponto. [E que] O resultado seria o mesmo se uma biografia de Fidel Castro fosse escrita principalmente a partir de entrevistas com cubanos da Florida ou se a história de Trotsky fosse contada pela direção soviética dos anos 30 e 40", são afirmações risíveis e reveladoras da conveniente omissão (ou desconhecimento?) de Breno. Se Breno se preocupasse tanto com a história, ele ficaria corado diante do stalinismo da direção petista que tenta me apagar da verdadeira História depois da fracassada tentativa de me apagar fisicamente em 1993. E aí eu poderia elencar uma exaustiva e entediante lista de fatos que a burocracia petista faz questão de omitir, com a anuência de Breno.

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Encerrando, gostaria de informar Breno et caterva que ainda sou do tempo que se pagava para militar e que, por mais de 10 anos, fui um responsáveis pela revista Teoria & Debate, que eu ajudei a criar, sem receber um único tostão durante todo aquele período.

Quem mudou?

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Paulo de Tarso Venceslau, economista e jornalista, diretor de redação do Jornal CONTATO, um semanário da cidade de Taubaté - www.jornalcontato.com.br

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