Facebook Papers: rede social fortaleceu postagens da extrema direita

Embora a rede social tenha culpado Trump pela disseminação de notícias falsas, vários funcionários acreditam que poderia ter sido feito mais para evitar a proliferação de fake news



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Rede Brasil Atual - Consórcio de veículos de comunicação chamado “The Facebook Papers” publicou neste sábado (23) denúncias de que a rede social de Mark Zuckerberg vem contribuindo há anos para a disseminação de fake news. Reportagens exibidas em veículos como The New York Times, CNN e Washington Post mostram, inclusive, que o Facebook amplificou a mobilização de grupos de extrema-direita que culminou na invasão ao Capitólio em 6 de janeiro e deixou cinco mortos. O consórcio é formado por um total de 17 organizações jornalísticas norte-americanas.

As reportagens se espalharam pelo território americano desde as primeiras horas da manhã de sábado (23). O “The New York Times”, por exemplo, mostrou que funcionários do Facebook alertaram por anos sobre a desinformação e potencial risco de radicalizar os usuários da plataforma. E que apesar de sempre terem solicitado ações para frear o fenômeno, a empresa falhou e não resoveu os problemas.

Embora a rede social tenha culpado Trump pela disseminação de notícias falsas, vários funcionários acreditam que poderia ter sido feito mais para evitar a proliferação de fake news. O alerta veio, inclusive, através de um estudo interno, intitulado “Jornada de Carol para QAnon”.

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Algoritmo

Em julho de 2019, uma funcionária do departamento de pesquisas do Facebook criou uma conta-teste se passando por uma “mãe conservadora” da Carolina do Norte. Uma semana depois, sua página começou a receber recomendações de conteúdo de teorias da conspiração.

Entre as sugestões recebidas, ela optou por seguir páginas, como as das Fox News e da Sinclair Broadcasting, impérios de mídia que controlam 294 estações de televisão e chega a cerca de 40% dos lares americanos com conteúdo de tom conservador. Poucos dias, vieram sugestões para a pesquisadora seguir páginas e grupos relacionados ao QAnon. Até mesmo uma fake news de que Trump estaria enfrentando uma conspiração obscura feita por pedófilos democratas foi enviada pelos algoritmos do Facebook.

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Algum tempo depois, segundo a reportagem a mesma funcionária criou outra conta-teste, desta vez simulando perfil esquerdista. Notou então que os mesmos algoritmos do Facebook alimentavam o novo perfil com memes de “baixa qualidade” e desinformação política. Ela deixou a empresa em agosto de 2020.

Facebook exposto

Em seu pedido de demissão, divulgado pelo BuzzFeed News, a pesquisadora disse que o Facebook estava “conscientemente expondo os usuários a riscos de danos à integridade” e citou a lentidão da empresa em agir contra o QAnon como um dos motivos para sua saída. “Já sabemos há mais de um ano que nossos sistemas de recomendação podem levar os usuários rapidamente ao caminho de grupos e teorias de conspiração. Nesse meio tempo, o grupo extremista QAnon ganhou proeminência nacional, com candidatos ao Congresso”, escreveu.

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Os documentos expostos agora pelo “The Facebook Papers” reforçam as revelações feitas no mês passado por Frances Haugen, ex-gerente de produtos da plataforma. Segundo ela, a rede de Zuckerberg mentiu sobre ações da empresa para combater o discurso de ódio, violência e fake news. Frances disse que o Facebook desmontou sua equipe de “integridade cívica” logo após a eleição de 2020, assim que Joe Biden foi declarado vencedor.

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