Fanta, sandália da Gisele Bündchen e iPhone 5

Neste final de mês, as lojas da Apple dos Estados Unidos receberam o novo modelo do iPhone 5, o que resultará na aposentadoria do modelo 3GS (diga-se de passagem, nada compulsória).  Para os estudiosos de administração (também coloco neste grupo os estudiosos da evolução humana e tecnológica), este processo é conhecido como "ciclo de vida de um produto". Traduzindo: são os processos de concepção, definição, produção, operação e obsolescência de um determinado produto ou marca.

Porém, em uma análise mais detalhada, este sistema é fruto do capitalismo (Inicialmente, minha frase pode parecer banal. Calma!), pois não é só a Apple que nos deixa com vontade de saciar uma necessidade de compra de um produto. Quem já provou a nova Fanta Maracujá? E quem comprou a sandália azul com detalhes dourados da Gisele Bündchen? Preciso ir agora à mostra do Caravaggio no Masp, ai meu Deus. Putz...Vai ter Madonna em São Paulo e no Rio de Janeiro, quero ir aos dois shows. Como faço?

Acredito que as pessoas devam ter acesso às informações e às experiências, mas como ir, comprar e realizar tudo o que o mercado "joga na esquina", se o salário mínimo do país é de R$ 622,00? E com este valor, vale lembrar, a população precisa ainda comer, ter um lugar para dormir, tomar banho e estudar. Então como adquirir um aparelho que terá o valor de, mais ou menos, uns dois mil e pouco reais? Será que estou errada ou as contas não batem?

Vou abrir um parêntese aqui: muitas pessoas poderão até ir aos Estados Unidos comprar este celular pensando que sairá mais barato. Ok, é possível. Mas aviso aos leitores que o governo norte-americano aumentou os impostos sobre o produto de forma que acaba não sendo vantajoso ir até lá para obter alguma economia.

Retomando o raciocínio, há quem me dirá que nem tudo é para todas as pessoas. Concordo. Por isto que existe, para as pessoas com um poder aquisitivo elevado, um mercado denominado de luxo.

Contudo, em um país no qual se tem uma (r)evolução, principalmente tecnológica, que nos leva para um patamar social de maior interação entre as pessoas, ou seja, de mais comunicação, o que adianta provar a Fanta Maracujá se eu não tenho um Iphone 5 para postar esta minha experiência no Facebook e Instagram? E será que alguém iria curtir este meu post?

A Livraria Cultura, em uma matéria da revista Época de número 749, divulgou uma parceira com a fabricante de e-books Kobo para começar a vender este aparelho com um valor abaixo de R$ 500. Ok, a empresa tem interesse em ser pioneira no venda de livros em formato eletrônico. Não vou entrar neste parâmetro, porém o interessante da notícia é justamente o valor financeiro deste aparelho eletrônico.

As notícias referentes ao novo iPhone e à Livraria Cultura são distintas pelos seus diferentes preços de produtos, mas convergem para um único questionamento: será que vale a pena esperar abaixar o preço dos produtos para que eles caibam em nossos bolsos?

O desejo de consumo faz parte da nossa natureza e da competição humana, por isto até quanto você, eu, tu, nós, vós, eles, aguentaríamos esperar para saciar a curiosidade e o anseio de acessar os novos mapas do seu celular a fim de achar uma loja que venda a sandália da Gisele Bünchen enquanto se saboreia a nova Fanta e, ao chegar à sua casa, pode-se tirar uma foto do seu novo calçado para postar no Instagram com seu iPhone 5?