Fernanda Torres diz “tchau, querido” para Temer
Em artigo publicado nesta sexta, Fernanda Torres enumera o modus operandi de Michel Temer e seus aliados para acabar com os direitos dos brasileiros, mas destaca como o peemedebista foi atingido pelas delações da JBS; "Pelos solavancos do touro mecânico da Presidência, para citar Fábio Porchat, o Béla Lugosi do Jaburu aguarda apenas o coice honroso do TSE", escreve
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247 - A atriz Fernanda Torres, em artigo nesta sexta, enumera o modus operandi de Michel Temer e seus aliados para acabar com os direitos dos brasileiros, mas destaca como o peemedebista foi atingido pelas delações da JBS.
"A Santa Inquisição de Dilma foi lenta e tortuosa, não resistiríamos a outro processo. Pelos solavancos do touro mecânico da Presidência, para citar Fábio Porchat, o Béla Lugosi do Jaburu aguarda apenas o coice honroso do TSE.
O PMDB passou as últimas décadas agindo como eminência parda, a matéria escura da política brasileira. Onipresente e invisível ao olho nu do eleitor, era (e é) em torno dele que gravitava a coalizão partidária.
Graças ao impeachment, a dracolândia abandonou as trevas e foi exposta ao sol abrasador do Planalto Central. Isso sempre me pareceu um dado novo e relevante. Pela primeira vez, desde a redemocratização, conhecemos quem, há muito, nos governa: homens brancos, saídos da Brasília dos anos 1970, afeitos a ternos demodês.
Alheios à sociedade, não tiveram nem o cinismo de incluir mulheres e negros no quadro ministerial. E, em conluio com o tucanato e a bancada BBB, deram de baixar o cacete em índio, promover desmatamento em reserva ambiental, liberar pesticida na lavoura, arranha-céu em zona histórica, meia hora de almoço para trabalhador e aposentadoria para defunto.
O problema é que sugar pescoços à luz do dia se mostrou tarefa árdua para aqueles acostumados à discrição dos gabinetes. Geddel Vieira dançou na mão de um ministrinho da Cultura, e o Vincent Price do Alvorada teve o peito cravado por uma estaca grampeada pelo açougueiro do boi sequestro.
O PMDB se tornou frágil no momento em que se fez visível.
A fúria dos Van Helsing da PF e da nova geração de juízes impressiona. A nação de Savonarolas. Demétrio Magnoli diagnostica uma dupla conspiração, entre a Justiça e o Executivo. Os poderes racharam. Perto disso, a disputa entre PT e PSDB virou fichinha.
Se Wesley e Joesley Safadões saírem incólumes dessa mixórdia, proponho a canonização de Marcelo Odebrecht como mártir da Lava Jato. E, se a JBS é modelo de negociações público-privadas, pagando a multa da ladroagem com a valorização do câmbio, sugiro legalizar o comércio de armas e drogas, e transformar o PCC num partido-empresa.
(..)
Tchau, querido.
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