HOME > Mídia

Folha: não há mais lugar para salário alto no jornalismo impresso

Texto da jornalista Vera Guimarães Martins, ombudsman do jornal Folha de S. Paulo, aborda as demissões de Fernando Rodrigues e Eliane Cantanhêde, revelando a dura realidade que atinge os meios impressos; "A lógica que levou à dispensa de dois nomes de primeira grandeza é simples, crua: após sucessivos enxugamentos, as Redações não têm mais gordura para cortar, e a mira se volta para os maiores salários, dos quadros com cargos superiores e/ou maior tempo de casa. Na frieza da planilha, a dispensa de um profissional antigo pode poupar meia dúzia (ou mais) de vagas", diz ela

Texto da jornalista Vera Guimarães Martins, ombudsman do jornal Folha de S. Paulo, aborda as demissões de Fernando Rodrigues e Eliane Cantanhêde, revelando a dura realidade que atinge os meios impressos; "A lógica que levou à dispensa de dois nomes de primeira grandeza é simples, crua: após sucessivos enxugamentos, as Redações não têm mais gordura para cortar, e a mira se volta para os maiores salários, dos quadros com cargos superiores e/ou maior tempo de casa. Na frieza da planilha, a dispensa de um profissional antigo pode poupar meia dúzia (ou mais) de vagas", diz ela (Foto: Aline Lima)

247 - A morte lenta e gradual do jornalismo impresso, uma tendência que se observa no mundo inteiro, agora atinge, no Brasil, os profissionais mais experientes e com os maiores salários.

Neste domingo, em texto sobre a demissão dos jornalistas Fernando Rodrigues e Eliane Cantanhêde, a ombudsman Vera Guimarães Martins expõe, de forma nua e crua, a motivação da degola. Leia abaixo:

"Os dois colunistas foram demitidos na sexta (7), no desfecho de um corte que ceifou 14 jornalistas e 17 vagas. Na linguagem empresarial, foi um ajuste para adequar os custos inflados por Copa e eleições, os mesmos fatores que, aliados à economia minguante, provocaram queda da receita. No jargão irreverente das Redações, esses cortes, que se tornaram periódicos, são chamados de "passaralho" -porque passam como aves de arribação e provocam revoada em bando.

A lógica que levou à dispensa de dois nomes de primeira grandeza é simples, crua: após sucessivos enxugamentos, as Redações não têm mais gordura para cortar, e a mira se volta para os maiores salários, dos quadros com cargos superiores e/ou maior tempo de casa. Na frieza da planilha, a dispensa de um profissional antigo pode poupar meia dúzia (ou mais) de vagas.

Fernando estava na empresa havia 27 anos; Eliane, havia 17. Numa equipe com mais de 120 colunistas em permanente mutação, eram grifes enraizadas, que formavam o "core" do colunismo da casa. Nomes profundamente identificados com a cara do jornal e com seu leitorado, numa relação de mão dupla que não foi plenamente compreendida nem devidamente tratada."

Leia, aqui, a íntegra.