Imagens de praia cheia e ônibus lotados intrigam brasileiros
As imagens do transporte público lotado e das praias repletas de gente em plena pandemia ganharam as redes e suscitaram a seguinte pergunta: qual choca mais? O jornalista Leonardo Sakamoto tenta responder, avaliando as significações de cada uma
247 - As fotos de praias lotadas chocaram o país neste domingo, 30. Mas as fotos de ônibus lotados estão presentes há meses e o choque não se dá com a mesma intensidade. Para o jornalista Leonardo Sakamoto, o fenômeno intriga. Ele diz: “quem utiliza ônibus e trem em uma pandemia tendem a ser os mais pobres.”
Ele continua: “e muitos dos que foram obrigados a sair de casa sob o risco de infecção e morte não eram terraplanistas biológicos, mas não viram outra alternativa diante da negativa de seu pedido de acesso ao auxílio emergencial ou da insuficiência dele diante das necessidades básicas da família. Mas, convenhamos: a imagem de um coletivo lotado já deveria chocar antes mesmo da pandemia por que demonstra a incapacidade de uma sociedade em garantir dignidade a uma parcela da população que deseja simplesmente sair de casa e voltar a ela.”
Em reportagem publicada no portal Uol, Sakamoto ainda complementa: “na época em que essa foto viralizou, contudo, houve muitas críticas aos trabalhadores, como se fossem culpados por arriscar a vida de todos na sociedade. Há quem tenha os igualado a quem se aglomera em bares ou praias. Não se resolve a precisão com críticas às vítimas. Muito menos limitando o número de ônibus e trens em circulação. Vimos, ao longo dos últimos meses, que alguns gestores municipais reduziram a quantidade de veículos públicos para evitar que pessoas saíssem de casa - o que, básico, levou à superlotação dos que sobraram e não necessariamente à redução do fluxo de pessoas. O que só reduziu o distanciamento social.”
