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Jornalista Enio Squeff, que teve filho confundido com ‘mendigo’ em shopping, detalha o que aconteceu

"Segurança me perguntou se a criança, à minha frente, estava me incomodando: tinha ordens de não deixar 'pedintes' molestar a quem quer que fosse no Shopping"; o jornalista e artista plástico explicou que o menino de 7 anos era seu filho e perguntou se ela o considerava um pedinte por ser negro; leia a íntegra

"Segurança me perguntou se a criança, à minha frente, estava me incomodando: tinha ordens de não deixar 'pedintes' molestar a quem quer que fosse no Shopping"; o jornalista e artista plástico explicou que o menino de 7 anos era seu filho e perguntou se ela o considerava um pedinte por ser negro; leia a íntegra (Foto: Gisele Federicce)
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Por Enio Squeff, em seu Facebook:

São esses os tempos, e este o país.

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Na sexta feira passada, lá pelas 18 e 40, enquanto tomava chá com meu filho de sete anos no Shopping Higienópolis, fui supreendido por uma segurança mulher que me perguntou se a criança, à minha frente, estava me incomodando.

Surpreso, inquiri-a sobre razão de seu questionamento. Ela explicitou: tinha ordens de não deixar “pedintes crianças” molestar a quem quer que fosse no Shopping. Não precisou explicar mais nada. Apontei para meu filho e lhe perguntei se ela o considerava um pedinte por ser negro. Meu filho é negro; e estava com um abrigo do colégio Sion.

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Como eu lhe questionasse para o fato de ela ver pele e não o uniforme, quem se chocou, então, assustada, foi a moça travestida de segurança. Eu que a desculpasse, ela não tinha tido a intenção de me ofender. Para corroborar a extensão de seu pedido de perdão, afirmou-me que ela também era negra -,e sua pele não a desmentia; mas que recebia ordens.

Insisti: com o que a direção do Shopping tinha lhe dado ordens de expulsar meninos negros do sagrado local de Higienópolis, era isso? Não prossegui. Ao seu terceiro ou quarto pedido de desculpas, disse-lhe que que se alguém devia desculpas era ela para si mesma e para sua família. Ficava evidente que obedecia ordens (foi essa a justificativa dos carrascos que massacraram judeus na Alemanha, mas isso seria ir longe demais). E que se era para encobrir o racismo de seus patrões – ela que se assumisse na culpa que ela via imputada na pele de meu filho.

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Confesso,porém, e em suma, que no mesmo instante, tive pena da moça: se fosse à auditoria do Shoppping Higienópolis (parece que eles têm isso por lá), é claro que ela engrossaria a lista de desempregados do país. E aí, então, ela seria duplamente punida: não apenas por ter atentado contra uma criança negra, mas por se ter flagrado num racismo duplamente condenável por ser ela mesma negra, num ato discriminatório que ela entranhou em si, como parte do seu trabalho.

Lamentável – mas talvez explicável. Os capitães do mato vicejam no terreno fertil do racismo, que, por sua vez, se escora na extrema direita. Não é por nada, aliás, que 70% dos jovens assassinados no Brasil, sejam negros.

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Enfim, são esses os tempos, mas também este o país…

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