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Mídia

Jornalistas indignados com métodos de Veja

H tempos uma reportagem no despertava tanta ira entre jornalistas quanto a da capa desta semana da revista Veja; jornalismo da Era da Pedra Lascada, define Alberto Dines ( esq.); se o reprter instalou cmeras, isso no lembra a Gestapo?, pergunta Ricardo Kotscho; ao 247, gerente do naoum garantiu que imagens no foram feitas pelo hotel

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247 – Autor da histórica coluna Jornal dos Jornais, na Folha de S. Paulo, Alberto Dines é talvez o mais capaz, antigo e reconhecido crítico da imprensa brasileira. Ele publicou hoje um demolidor artigo no site Observatório da Imprensa, do qual é editor, em que aponta os retrocessos e ilegalidades cometidas na apuração e edição da matéria de capa da revista Veja desta semana. Dines questiona a origem das imagens publicadas, nas quais políticos são vistos no corredor do hotel Naoum, onde o ex-ministro José Dirceu estava hospedado. A suspeita é de a imagens terem sido obtidas pela instalação ilegal de uma câmera escondida. Ao 247, o gerente-geral do Naoum, Rogério Tonatto, garantiu que as imagens não foram feitas pelas câmeras de segurança do estebelecimento, o que reforça a hipótese do grampo por parte de Veja.

Abaixo, o artigo de Alberto Dines publicado hoje no Observatório da Imprensa:

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Jornalismo político volta à Era da Pedra Lascada

Por Alberto Dines em 30/08/2011 na edição 657

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“Caso o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) fique insustentável, a presidente Dilma tem seu preferido: Franklin Martins”. (“Panorama Político”, O Globo, domingo, 28/8, pg. 2). Três linhas apenas, no pé da coluna. O suficiente, a mídia entenderá o recado.

Há hoje uma metamensagem ou criptojornalismo, cifrado, exclusivo de um seleto grupo de iluminados. O governo manda suas mensagens, a mídia é obrigada a entender. Mesmo não gostando. A réplica pode vir com a mesma sutileza. Profissionais não brincam em serviço. Faz parte do jogo democrático.

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O que conspira contra o jogo democrático são as ameaças de rupturas. O presidente Lula não entendeu, não quis ou não teve paciência para entender o tricô das raposas. Subia no palanque e “mandava ver” – ou mandava brasa, como se dizia na Era Jango. Criou impasses, cavou confrontos perigosos.

É o que fez Veja com a sua última matéria de capa sobre o ex-ministro José Dirceu (“O poderoso chefão”, edição nº 2232, data de capa 31/8/2011). Sutil como uma carga de cavalaria – e tão eficaz quanto esta –, produziu um curto-circuito, reintroduziu a imprudência no diálogo governo-imprensa. Repercutiu no exterior. E daí?

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Frágil, inconsistente

A verdade é que a matéria recoloca o jornalismo político brasileiro na Era da Pedra Lascada. Traz de volta os vídeos clandestinos, os arapongas, os dossiês secretos jogados no colo de jornalistas ditos “investigativos”.

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José Dirceu, mesmo sem cargo ou mandato parlamentar, suspeito de integrar um grupo que está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal, é um dirigente nacional do partido que ganhou as eleições para a Presidência da República, é também um consultor/lobista. Pode alugar um andar inteiro num hotel dez estrelas em Brasília ou Luanda e nele receber legiões de correligionários, clientes e amigos. Não há nada de ilícito ou malfeito (para usar o dernier-cri dos substantivos).

O texto inteiro de Veja, da primeira à última linha, é customizado, adaptado para servir à tese de que o ex-chefe da Casa Civil está conspirando contra a sua sucessora, atual presidente da República. Não há evidências, apenas insinuações, ambigüidades, gatilhos.

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Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, é amigo pessoal de Dilma Roussef, não poderia conspirar contra ela. José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras cujo maior acionista é o governo, não enfrentaria o seu maior eleitor quando reiniciar sua carreira política. Delcídio Amaral é um petista light, quase-tucano.

A lista dos “conspiradores” é frágil e as possíveis motivações, inconsistentes. O conjunto é disparatado, não faz sentido, carece de lógica. Mesmo enquanto ficção.

Um desserviço

Os encontros gravados duraram em média 30 minutos, tempo insuficiente até para acertar uma empreitada de pequeno porte. Devidamente investigados, os fatos poderiam vincular-se e ganhar alguma dimensão. No estado bruto em que foram apresentados pelo semanário de maior tiragem do país representam um atentado à inteligência do leitor, não renderiam sequer uma nota numa coluna de fofocas políticas.

Este é um jornalismo que não se sustenta, é retrocesso. Não favorece a imagem da imprensa, não ajuda a presidente Dilma, prejudica a oposição. Faz esquecer a faxina moralizadora e degrada o processo político.

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