Libération: Moraes não preenche critérios para ser ministro do STF
Imprensa francesa desta quarta-feira (22) critica a aprovação pelo Senado de Alexandre de Moraes ao STF; no Brasil, "um ministro acusado de corrupção será um juiz anticorrupção", é o título da matéria publicada por Libération; "O presidente brasileiro consegue impor o nome de seu candidato graças a uma sólida maioria parlamentar, unida em torno de um único objetivo: emperrar a operação Lava Jato sobre o desvio de recursos dos cofres da Petrobras", salienta o diário; direita brasileira, que mobilizava a população em megamanifestações contra a corrupção do PT, parece agora não estar incomodada com a corrupção em seu próprio campo, critica o jornal francês
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Da Rádio França internacional - A imprensa francesa desta quarta-feira (22) critica a provável aprovação pelo Senado de Alexandre de Moraes ao STF. No Brasil, "um ministro acusado de corrupção será um juiz anticorrupção", é o título da matéria publicada por Libération.
A correspondente do jornal em São Paulo, Chantal Rayes, diz que para ser ministro do Supremo Tribunal Federal brasileiro é necessário ter "conhecimentos jurídicos notáveis" e uma "reputação irrepreensível". Alexandre de Moraes "não preenche nenhum desses critérios" exigidos pela Constituição do país, afirma a matéria. Isso não impediu a comissão do Senado de aprovar, na terça-feira (21), sua nomeação ao STF. O texto da correspondente dá como certa a aprovação do nome do ministro afastado da Justiça no plenário da casa, nesta quarta-feira.
A lista de acusações contra o candidato do presidente Michel Temer é longa: plágio, corrupção, violação de direitos humanos na época em que o jurista integrava o governo do estado de São Paulo, enumera o jornal progressista. Temer nomeou Moraes, um de seus fiéis aliados, "para frear a investigação sobre o escândalo de corrupção que atinge o mundo político brasileiro, denuncia Libération.
Maioria parlamentar unida para emperrar Lava Jato
O presidente brasileiro consegue impor o nome de seu candidato graças a uma sólida maioria parlamentar, unida em torno de um único objetivo: emperrar a operação Lava Jato sobre o desvio de recursos dos cofres da Petrobras, salienta o diário. A correspondente lembra que, neste escândalo, as empreiteiras brasileiras são acusadas de pagar propinas para ganhar licitações e superfaturar contratos com a Petrobras, com o objetivo de alimentar os caixas dos principais partidos políticos.
O texto explica que, inicialmente centrada no Partido dos Trabalhadores, a Lava Jato provocou o impeachment da presidente Dilma Rousseff no final de agosto de 2016, pondo fim a 13 anos do PT no poder. Mas o escândalo acabou envolvendo o PMDB do presidente Michel Temer e seu principal aliado, o PSDB, partido do qual Alexandre de Moraes acaba de se desligar para poder assumir suas novas funções no STF.
Segundo a matéria, o pânico tomou conta de Brasília quando o ex-presidente da Odebrecht decidiu colaborar com a Justiça. Mais de cem políticos, de todas as tendências, estariam envolvidos, incluindo Temer, e o Supremo é a corte competente para julgá-los. A morte, em um acidente de avião no dia 19 de janeiro, de Teori Zavaski, o relator da Lava Jato no STF, abriu uma brecha. Moraes não será relator, mas será revisor da investigação tendo o direito de acompanhar o dossiê.
Direita brasileira não se incomoda com corrupção em seu próprio campo
Esta tentativa de emperrar a maior operação "mãos limpas" da história do Brasil já estava na origem do fim da aliança entre o PMDB e o PT, que possibilitou a destituição de Dilma Rousseff, ressalta o jornal. A ex-presidente é acusada de ter sido incapaz de frear as investigações.
Temer parece ter o campo livre. Acabaram as megamanifestações contra a corrupção do PT que levaram ao impeachment de Dilma. A direita brasileira, que mobilizava nessa época a população, parece agora não estar incomodada com a corrupção em seu próprio campo, critica Libération.
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