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"Lula constrange Dilma com CPI"

Em artigo, Ricardo Noblat comenta o papel autoritrio que o ex-presidente assumiu diante da investigao de Carlinhos Cachoeira, ignorando a posio de sua sucessora

"Lula constrange Dilma com CPI" (Foto: Divulgação)
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247 – Para abafar a investigação do escândalo que abalou sua gestão, Lula não hesitou em ignorar o papel de sua sucessora para impor sua autoridade. Leia o artigo de Ricardo Noblat:

Sabe de uma coisa? Se o presidente da República mais popular da História não se constrange em atropelar seu sucessor e inventa uma CPI para atrasar o julgamento dos acusados pelo mais espetacular escândalo do seu governo, às favas, pois, com todos os escrúpulos.

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Sigamos o líder. Copiemos seus exemplos. Exaltemos sua sabedoria. Por que não?

Afinal, a maioria de nós não parece se constranger com mais nada. Desde que a economia vá bem, os titulares do poder podem se comportar como quiser.

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Por velha, sem essa de que somos necessariamente vítimas dos malfeitos que eles cometem. Alheios ou acomodados, antes talvez sejamos cúmplices. De resto – e nunca se sabe! - sempre pode sobrar algum...

Sem renunciar ao sorriso, a etérea Ana de Hollanda, ministra da Cultura, garantiu na semana passada que seu ministério não se sente nem um pouco constrangido em ter de gastar R$ 14,4 milhões com a construção do Museu do Trabalho e do Trabalhador em São Bernardo do Campo. Imagina!

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A prefeitura entrará com mais quase R$ 4 milhões.

O museu servirá para quê? Na teoria para oferecer todo tipo de informação a respeito da luta no final do século passado dos operários das fábricas instaladas na região do ABC paulista. Foi um período de muitas greves por melhores salários e de forte repressão militar. A ditadura agonizava.

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Ao fim e ao cabo, o museu incensará o papel de Lula como líder sindical.

Você vê algum problema no uso do dinheiro público para isso? Certamente que não vê. Você gosta de Lula, não é?

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Mas você vê problema no uso de dinheiro público para manter o memorial de Sarney instalado num convento antigo de São Luís do Maranhão, não vê? Ali estão os documentos referentes ao seu governo. Você não gosta de Sarney. E assim caminha a humanidade...

A se acreditar no que dizem, ninguém sabia que Carlos Cachoeira era contraventor. Que explorava jogos eletrônicos.

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Nem sabiam os governadores Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, e Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, nem os deputados ajudados por Cachoeira com dinheiro ou favores para suas campanhas eleitorais. Foi o que disseram. E sem o mais tênue sinal de constrangimento.

No passado remoto, sim, Cachoeira havia sido contraventor. Mais especificamente, bicheiro.

Marconi e Agnelo se reuniram com ele quando Cachoeira era um homem regenerado. Pelo menos assim pensavam. Pelo menos assim afirmam que pensavam. Não só regenerado: um empresário ligado à Delta, a dona das maiores obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), presente em todos os Estados brasileiros. Coisa de empresa idônea.

Responda com sinceridade: que governador poderia se dar ao luxo de desprezar um empresário interessado em fazer negócios no seu Estado? E que deputado, empenhado em ganhar um novo mandato, poderia meter o dedo no nariz de um ex-contraventor e ordenar categórico: “Ofereça seu dinheiro para meus adversários. Não confio em você. E não preciso dele”.

Não preciso dele? Dele, o dinheiro? Dinheiro de graça em troca apenas de um voto aqui favorável a certo projeto de interesse do doador, uma embaixadinha ali para ajudar o doador junto a algum burocrata?

Eleição custa caro. Político detesta meter a mão no bolso para pagar despesas com seu próprio dinheiro.

Empresário está aí para isso mesmo. E sem nenhum constrangimento. É do jogo.

Constrangimento, constrangimento de verdade sofreu a presidente Dilma Rousseff. Lula não a consultou para sugerir ao PT a criação da CPI do Cachoeira.

O PT aproveitou uma viagem internacional dela para aprovar a sugestão de Lula. O Caso Cachoeira poderia se resumir à ação da Justiça contra ele – e a do Senado contra Demóstenes Torres. Para Dilma estaria de bom tamanho.

Ela não queria uma CPI – terá que engoli-la constrangida. Ela continua sendo contra a CPI, mas não poderá admitir sem se constranger.

Afinal, onde já se viu a fundadora de “um padrão mundial de combate à corrupção”, como observou Hillary Clinton, secretária de Estado norte-americana, desautorizar ou enfraquecer uma CPI destinada a combater a bandidagem?

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