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Merval usa Gurgel contra Renan Calheiros

Segundo o colunista, representação do procurador-geral contra o senador alagoano seria motivo suficiente para que ele não fosse eleito presidente do Senado; prova de que a representação teve motivação política?

Merval usa Gurgel contra Renan Calheiros
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247 - O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, garante que sua representação contra Renan Calheiros (PMDB/AL), que deve ser eleito hoje presidente do Senado, não teve motivação política. De todo modo, o documento, engavetado durante dois anos e apresentado a uma semana da disputa, é argumento de Merval Pereira, colunista do Globo, para sacramentar que Renan não pode ser eleito. Leia abaixo:

Sem argumentos - MERVAL PEREIRA

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O GLOBO - 01/02

O melhor argumento do senador Renan Calheiros para o retorno à presidência do Senado, sete anos depois do escândalo que o apeou do mesmo cargo, era que já havia sido absolvido pelo Conselho de Ética e que nenhuma denúncia da época havia prosperado, por falta de base. Era inocente, portanto, e tinha o caminho livre para reassumir o cargo que lhe fora tirado indevidamente.

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Essa conversa ainda poderia prosperar se o procurador-geral da República não o denunciasse criminalmente, poucos dias atrás, justamente pelas provas que apresentou para justificar a capacidade de pagamento de uma pensão alimentícia de um filho fora do casamento. Com notas de vendas de gado, que estão sendo apontadas como frias, Calheiros queria provar que não precisava pedir a um lobista amigo ligado à empreiteira Mendes Júnior para pagar a pensão de seu filho, conforme a acusação original. Estamos, portanto, de volta à estaca zero. As mesmas denúncias que levaram o senador alagoano a renunciar à presidência do Senado poderão transformá-lo em réu de ação criminal, o que virtualmente o impediria de continuar presidindo a Casa. Ao menos nunca houve caso desses para se contar.

Até ser denunciado pelo procurador-geral da República, Renan Calheiros tinha um discurso bem montado, que previa superar as desconfianças generalizadas fazendo uma administração "transparente" no Senado. No entanto, com as acusações contra ele retornando ao centro do cenário político, o mais difícil para ele será ser "transparente”

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Tanto que até hoje, dia da votação, não anunciou oficialmente que é candidato, embora tenha negociado com os partidos, por baixo dos panos, a composição da Mesa Diretora. E teve que recorrer a um expediente restritivo para impedir que seus pares se pronunciassem na hora da votação. Apenas os candidatos poderão fazer discursos, e os senadores dissidentes pretendem se anunciar candidatos para ter possibilidade de registrar seus protestos. Na internet, no entanto, já são quase 300 mil assinaturas contra sua indicação. Mesmo que aleguem que o regimento interno determina que a eleição ocorra assim, não é tradição do Senado impedir que qualquer de seus membros se pronuncie, o que prenuncia uma gestão que começa tendo de se utilizar de métodos autoritários para poder se impor.

Dificilmente Renan Calheiros terminará seu mandato novamente, pois no decorrer das investigações — se o STF aceitar a denúncia — surgirão fatos novos que o colocarão permanentemente em primeiro plano, e não por motivos nobres. Ao mesmo tempo, sua candidatura deu à oposição oportunidade de exercer sua função, mesmo que aparentemente a contragosto. O PSDB viu-se acuado pela opinião pública a se mover em direção oposta à candidatura oficial, apoiando a dissidente de Pedro Taques (PDT). Mas o fez principalmente para se igualar ao PSB, que saiu da candidatura oficial da base como mais um passo para criar um espaço próprio de atuação.

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O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, passou a fazer críticas diretas à preponderância do PMDB na coligação oficial, dando a impressão de que disputa com ele essa posição, realçada pela vice-presidência da República. Mas o governador deixa claro com quem conversa que não está em busca de um cargo, mas de uma posição política mais independente. Da mesma maneira trata a candidatura dissidente na Câmara do socialista Júlio Delgado, que não tem chance de vencer, mas serve para marcar uma posição também naquela Casa. Os primeiros movimentos para a sucessão presidencial foram feitos pela presidente Dilma Rousseff, que se adiantou não só para controlar os que, dentro do PT, querem a volta de Lula como para constranger seus aliados, especialmente o PSB.

Mas o efeito foi contrário, e Campos sentiu-se desimpedido para colocar-se em campo, sem ainda ter oficializado sua candidatura, mas cada vez construindo-a com mais afinco. Atribui-se ao ex-presidente Lula manobra que poria Campos na vice da chapa de Dilma e daria ao PMDB a chance de concorrer ao governo de São Paulo com o PT na vice. É uma armação política engenhosa, que testará a real intenção do governador de Pernambuco.

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