CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Mídia

Morte de repórter alastra escândalo de espionagem

Na Inglaterra, ptria da espionagem, a realidade supera a fico. Morte do jornalista Sean Hoare, que denunciou o esquema de espionagem dos jornais de Murdoch, aproxima o escndalo perigosamente do premi David Cameron

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 _ Autor de mais de 20 romances de espionagem, entre eles os clássicos O Espião Que Veio do Frio e O Jardineiro Fiel, nem mesmo o escritor inglês John Le Carré concebeu uma trama tão intrincada e surpreendente como esta da Inglaterra e seus principais personagens enrolados até o pescoço no escândalo dos grampos realizados pelo jornal News of the World. Uma história real de poder, bisbilhotice e dinheiro na qual acaba de entrar em cena o único elemento que faltava: uma morte em circunstâncias misteriosas.

Na manhã desta segunda-feira, o jornalista Sean Hoare, ex-repórter do jornal e primeiro a denunciar o esquema de espionagem, foi encontrado morto em sua casa no distrito de Watford. A polícia diz que a circunstância da morte, por enquanto, “é inexplicável”. Também não há, até o momento, suspeitos. Hoare, no passado, apresentou histórico de ligação com álcool e drogas, mas demonstrava, nos últimos tempos, estar limpo. Em suas denúncias sobre o grampo, o repórter morto sempre batia na tecla das ligações entre seu ex-chefe no News of the World, Andy Coulson, e o atual primeiro-ministro David Cameron. Ex-diretor do News, Coulson deixou o cargo em 2007, aproximou-se de Cameron e foi com ele para o gabinete, como titular da área de imprensa. No começo do ano, abalado pelas primeiras denúncias de que os jornalistas do News conseguiam, mediante propina, obter informações privilegiadas da polícia inglesa, Coulson renunciou ao seu cargo. O líder trabalhista Ed Miliband exigiu do primeiro-ministro Cameron, do partido conservador, um pronunciamento duro, marcando com nitidez seu afastamento de Coulson. Cameron, porém, preferiu um discurso mais brando: “Tomei a decisão consciente de dar uma segunda chance a alguém que tinha cometido um erro", afirmou. "Ele trabalhou para mim, e trabalhou bem. Mas no fim ele decidiu que a segunda chance não adiantaria e pediu demissão por causa de seu primeiro erro."

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

O certo é que, na semana passada, Coulson foi o primeiro personagem preso em razão das suspeitas de ter ordenado ou sido convivente com os grampos feitos pelo pessoal do News. Pouco depois, a CEO da News Corp. na Inglaterra, Rebekah Brooks, também teve sua prisão decretada pela justiça. Ela precisou pagar fiança para continuar em liberdade. Rebekah costumava fazer cavalgadas com Cameron e conversar com ele com freqüência pouco usual. Ela é acusada de ter grampeado o ex-primeiro ministro trabalhista Gordon Brown, antecessor de Cameron. A oposição já quer saber se o próprio Cameron sabia desses movimentos. Se isso ficar comprovado, a situação dele no cargo ficará insustentável.

A morte do jornalista Hoare acrescenta dramaticidade ao escândalo que vai rompendo todos os limites iniciais. Em viagem à África do Sul, o primeiro-ministro Cameron tem recusado as recomendações para interromper sua missão comercial e voltar a Londres para cuidar do tema doméstico. Agora, diante do fato novo, pode ser forçado a mudar de ideia. Afinal, ele próprio está mais perto do epicentro do escâdalo, em razão da ligação com o Coulson e Rebekah. O caso que parecia circunscrito a violações de direitos individuais está evoluindo para uma grande questão de Estado, abalando as estruturas de poder na Inglaterra. Os números 1 e 2 da Scotland Yard renunciaram a seus cargos entre o final de semana e hoje. A polícia inglesa é acusada de ter fornecido informações sigilosas sobre pessoas escolhidas aos repórteres do News, em troca de propinas. Coulson, em seus tempos de editor, teria operado com esse esquema, assim como Rebekah. Cameron tinha conhecimento disso? Se tinha, por que não o denunciou?

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Acima deles, o magnata australiano Rupert Murdoch, de 80 anos, maior acionista da News Corp., já tem seus dias como líder da organização sendo contados por observadores de mercado (leia notícia de 247 a respeito). A empresa vem sangrando nas bolsas de valores, com os papeis sendo desvalorizados em mais de 13% nos últimos dias. Amanhã, terça 19, Murdoch e seu filho James serão sabatinados em pleno parlamento inglês. Eles precisarão ter muitas explicações convincentes para justificar as ações dos jornalistas do News.

Entre os cidadãos espionados, o escândalo que a imprensa inglesa chama de “phone-hacking” também se alastrou de maneira descontrolada. Ninguém menos que Paul McCartney, David Beckhan e Jude Law estão entre as celebridades que foram grampeadas (leia mais)– e eles também prometem entrar com fortes processos contra Murdoch e sua companhia que possui 55 jornais e 40 revistas, além do The Wall Street Journal e da rede de tevê americana Fox. Como se vê, as estruturas do Império Britânico estão sendo sacudidas.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO