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MPF instaura inquérito contra o Kwai, app de vídeos curtos suspeito de criar fake news para aumentar engajamento

A plataforma estaria criando informações e perfis falsos, inclusive de órgãos e autoridades públicas, para aumentar seu engajamento

Kwai (Foto: Divulgação )

247 - O Ministério Público Federal (MPF) anunciou a abertura de um inquérito civil público para investigar a conduta da plataforma de mídia social Kwai no Brasil. A investigação, divulgada nesta quinta-feira (18), tem como foco a suspeita de que a rede esteja envolvida na produção de notícias falsas com o intuito de aumentar seu engajamento, informa o Estado de S. Paulo.

De acordo com o comunicado do MPF, há indícios de que postagens com informações inverídicas e apelativas estão sendo produzidas não pelos usuários da plataforma, mas diretamente pelo Kwai, ou por empresas de publicidade contratadas. A empresa afirmou que irá "colaborar plenamente com as autoridades brasileiras mediante qualquer solicitação".

Ao contrário de casos anteriores envolvendo plataformas, o Kwai é apontado como responsável pela criação direta de conteúdos falsos e apelativos, contratando-os e disseminando-os para expandir sua audiência e obter maiores lucros. A denúncia, recebida anonimamente pelo canal de atendimento aos cidadãos do MPF, destaca a suposta criação de perfis falsos de órgãos e autoridades públicas brasileiras no Kwai, imitando páginas oficiais. A investigação também abordará a possível produção e circulação de notícias falsas, especialmente durante as eleições de 2022, e a veiculação de vídeos contendo violência contra mulheres e exposição de crianças e adolescentes para elevar o engajamento na plataforma.

O inquérito foi instaurado em resposta a relatos que apontam para práticas possivelmente abusivas do Kwai, com potencial violação dos direitos fundamentais à informação qualificada e à segurança nas relações de consumo, além de eventualmente abalar a confiança da sociedade no processo democrático.

Recentemente, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) determinou que a empresa entregasse dados relacionados a uma conta falsa criada no nome da deputada estadual Andréa Werner (PSB-SP) e desativasse o perfil fake. O próprio TJSP e o Senado também tiveram suas contas oficiais clonadas pelo Kwai, segundo o inquérito.

A empresa, representada pela Joyo Tecnologia Brasil Ltda no país, e as empresas de publicidade têm 15 dias para prestar esclarecimentos sobre contratos firmados, conteúdos que possam evidenciar as denúncias, medidas adotadas para violações de regras na rede, entre outros pontos. O Kwai reiterou seu compromisso em colaborar com as autoridades brasileiras e afirmou que está à disposição para cooperar, reforçando seu comprometimento em respeitar as leis e regulamentações dos países onde opera, visando garantir a proteção e segurança dos usuários.