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      Nassif: versão de Temer é humilhante para o País

      "É humilhante para o país – principalmente sabendo que na coletiva apareceram correspondentes internacionais – que um presidente, pretensamente dotado de saber jurídico, trate como mero conflito entre Ministros um caso clássico de advocacia administrativa", diz o jornalista Luis Nassif; "Para um país que, após o golpe, passou a ser tratado como uma republiqueta latino-americana, sem segurança jurídica, a fala de Temer rebaixa ainda mais a imagem do país"

      Brasília - DF, 27/11/2016. Presidente Michel Temer o Presidente do Senado Federal Renan Calheiros, o Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Rodrigo Maia, durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto. Foto: Beto Barata/PR (Foto: Leonardo Attuch)
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      Por Luis Nassif, no jornal GGN

      Longe dos olhares protetores, ternos e apaixonados dos entrevistadores do Roda Viva, a coletiva deste domingo comprova que Temer é um hipossuficiente.

      É humilhante para o país – principalmente sabendo que na coletiva apareceram correspondentes internacionais – que um presidente, pretensamente dotado de saber jurídico, trate como mero conflito entre Ministros um caso clássico de advocacia administrativa.

      Para um país que, após o golpe, passou a ser tratado como uma republiqueta latino-americana, sem segurança jurídica, a fala de Temer rebaixa ainda mais a imagem do país.

      O fato concreto é que seu principal Ministro, Secretário Executivo Geddel Vieira Lima, pressionou um Ministro da Cultura, em escalão inferior na hierarquia do governo, para quebrar o galho de um edifício do qual ele seria um feliz proprietário – quase certamente como taxa de sucesso, caso conseguisse liberar a obra.

      Acossado, o Ministro da Cultura procura o presidente para relatar a pressão. Qualquer mandatário minimamente preparado se daria conta de que havia um crime em curso, convenceria o Ministro pressionado a não pedir demissão e demitiria incontinenti o Ministro que pressionou. Ou, pelo menos, acabaria com a discussão ordenando a Geddel que parasse com as pressões.

      Simples assim.

      Em vez disso, Temer tentou transferir o processo para outra instância, a AGU (Advocacia Geral da União), para encontrar uma saída para seu Secretário de Governo.

      Em qualquer país civilizado, com discernimento mínimo sobre certo e errado, legal e ilegal, público e privado, os princípios abaixo são axiomas inquestionáveis:

      1. Se um Ministro luta por um projeto no qual ele tem interesses pessoais, sua motivação é privada, mesmo que seja um assunto pertinente a sua área.
      2. Se o Ministro interfere no tema, que sequer tem a ver com sua área, não se trata de disputa entre Ministros, mas de tentativa de advocacia administrativa, tráfico de influência, corrupção explícita.
      3. Se o Presidente interfere em favor do Ministro amigo, induzindo a transferir a questão para outra área, comete crime.
      4. Se o Ministro-Chefe da Casa Civil Eliseu Padilha interfere, ele também comete tráfico de influência.

      Não há diferença entre ordenar e sugerir, quando a conversa se dá entre um Presidente da República e seu Ministro, ou entre qualquer chefia e seu subordinado.

      A incapacidade de Temer de dizer não ao seu escudeiro, mostra uma fraqueza de caráter indesculpável, uma falta de autoridade ampla. É por aí que se entende a influência sobre ele de políticos primários, como Geddel, de grandes raposas, como Eduardo Cunha, de pequenas raposas, como Eliseu Padilha, e de grandes autoritários, como José Serra.

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