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Mídia

Nizan pede perdão

Depois da repercusso negativa do anncio em que procurava uma cozinheira na Folha, o publicitrio Nizan Guanaes, que passou por preconceituoso, diz que no se fez entender; leia tambm "Painho Nizan procura cozinheira para lhe abanar"

Nizan pede perdão (Foto: JOSÉ PATRÍCIO/AGÊNCIA ESTADO)
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247 – Nizan Guanaes é, sem dúvida, um dos maiores publicitários brasileiros. Cuida da imagem de empresas como Itaú e Ambev. Mas, duas semanas atrás, seu artigo na Folha de S. Paulo foi um desastre. Nizan transformou um espaço editorial em comercial, publicando um anúncio sem pagar por ele. O anúncio tratava da contratação de uma cozinheira – algo cada vez mais difícil, segundo ele, porque o Brasil estaria progredindo. Aqui, no 247, fomos os primeiros a apontar o escorregão do publicitário baiano no artigo “Painho Nizan procura uma baiana para lhe abanar” (leia mais aqui). Nesta terça-feira, Nizan pede perdão e diz que não soube se fazer entender -- logo ele, um profissional da comunicação. Leia abaixo:

Errei

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Nizan Guanaes

Juscelino dizia que com erro não há compromisso. E como sei que comunicação não é o que a gente diz, é o que os outros entendem, se a minha coluna anterior, "Procura-se uma boa cozinheira", deu ruído, errei. Porque, querendo me comunicar, não me fiz entender.

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Não sou preconceituoso, trabalho na pauta do Brasil moderno, vibro com os seus avanços sociais, sobretudo das mulheres e das classes mais pobres de onde vim.

Luto pela educação, pelo empreendedorismo. Respeito e valorizo todo tipo de trabalho. E quis tão somente escrever um artigo lúdico, leve, para ser lido em feriado – era o 15 de novembro, em comemoração pela Proclamação da República.

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Meu artigo tinha a pretensão de dar um exemplo sobre como os anúncios publicitários nasceram, a partir dos anúncios classificados dos jornais, e que requisitos esses bons anúncios devem ter: título chamativo, objetividade, ser vendedor e ter clareza de propósito.

Algumas pessoas entenderam o que o anúncio procurava. Recebi centenas de mensagens. A integração com a internet funcionou bem. Minha caixa de e-mails ficou cheia com respostas incríveis de todos os cantos do Brasil.

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O ruído começa – se aprendi algo com esse episódio – na distinção clara entre a natureza do anúncio e a natureza do artigo, como bem ponderou a Danuza Leão em seu comentário nesta Folha.

O anúncio tem de ser objetivo, mas o artigo, e aí estou usando o chapéu de colunista, tem de estar atento às subjetividades que Fernando Rodrigues quis me chamar a atenção na sua coluna. É preciso estar atento não só ao texto, mas aos subtextos aos quais devo e prestarei mais atenção.

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Na semana seguinte à da publicação do artigo-anúncio, que funcionou como anúncio e foi discutido como artigo, pude acompanhar o impacto e o peso que tem o jornal pelo Brasil. E é incrível.

Por conta da minha profissão, acompanho de perto os avanços da mídia digital. Mas desconfio que estejamos medindo internet e jornal com pesos e medidas diferentes. Misturando artigo e anúncio como não se deve misturar.

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Um "banner" pode ter (hoje) mais "clicks" ou "pageviews" do que um anúncio no jornal. Mas "view" e "point of view" são coisas bem diferentes. Há uma diferença entre o impacto que tem o "banner" e o que tem o anúncio impresso. É verdade que não está na moda dizer isso. Aliás, há quem diga que a mídia impressa estaria fora de moda.

Mas nesta semana em que estive no Recife, no Rio de Janeiro, em Salvador e em São Paulo, recebendo currículos de cozinheiras, livros de culinária, vi e senti a força física do peso do jornal e como ele se potencializa quando cruzado beneficamente com a internet.

Acho, portanto, que aqui também devemos separar claramente as coisas entre o visitante na internet e o leitor do impresso. Os anúncios "on" e "off-line", no número frio que o analista de mídia das agências de propaganda lê, podem ser iguais e comparáveis pela régua da matemática. Na experiência prática, não. Como todo jornalista sabe, o "off" pode ser muito melhor que o "on".

Quem escreve em jornal e depois vai escrever só no on-line sente falta daquele componente que reverbera no vizinho no elevador e na gente que vem falar na mesa do bar. Esse é o contato, físico, com o leitor.

É como quando fico só mandando torpedos para minha mulher e não ligo para ela, achando que é igual. Mas a impressão da voz é bem diferente da do texto do torpedo.

Portanto, este é um mundo de textos, subtextos e contextos. E ele exige de nós diferentes cabeças tendo apenas uma mesma cabeça. Isso pode nos paralisar com medo de errar. E erraremos. Ou ficaremos tentados a ser mornos, esterilizados para não errar.

O futuro e o jornal do futuro são feitos de tentativas, de acertos e de erros. É um bicho de muitas cabeças, mas não podemos deixar que vire bicho de sete cabeças.

É mais fácil errar rápido do que querermos, num mundo complexo como este, viver sem errar.

Afinal, como diz o velho samba, "perdão foi feito pra gente pedir".

NIZAN GUANAES, publicitário e presidente do Grupo ABC, escreve às terças-feiras, a cada 14 dias, nesta coluna.

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