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Mídia

No país de Astérix

Em plena revoluo digital, a Frana tenta fechar suas fronteiras, traduz at nomes prprios e probe o uso das palavras Facebook e Twitter

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Roberta Namour, correspondente Brasil 247 em Paris _ Nesta tarde, durante o jornal da BMF TV, que fazia a cobertura ao vivo da primeira audiência do ex-chefe do FMI, Dominique Strauss-Kahn, o correspondente francês em Nova York leu no ar um tweet (mensagem do Twitter) sobre o caso. O apresentador da emissão, no estúdio de Paris tentou encobrir o nome da rede social pronunciado com um gemido, como se estivesse esgasdado. O uso da palavra Twitter e Facebook foi recentemente proibido na televisão e no rádio pelo Conselho Superior de Audiovisual francês (CSA) por ser considerado uma forma de publicidade clandestina. Mais uma vez, a França, um país de Astérix, deu provas de que não mede esforços para controlar o impacto das mudanças mundiais e preservar sua cultura.

Pela série de desenhos animados, nos anos 50 antes de Jesus Cristo, a Gália foi completamente ocupada pelos Romanos. Apenas uma pequena aldeia de corajosos gauleses, do destemido Astérix, resistiu a dominação dos invasores. Mas as semelhanças com a França atual vão muito além da proteção do território. Enquanto o mundo todo passa por profundas transformações comandadas pela globalização, os franceses lutam para manter suas portas fechadas e suas tradições. É essa resistência que faz com que eles sejam os mais fracos em língua estrangeira da Europa. Aqui, até nome próprio ganha um tom afrancesado. O wisky Jack Daniels é chamado de “Jacques Daniél” (como se lê), por exemplo. Praticamente todos os filmes e seriados que passam no cinema ou na televisão são dublados. Além da Bretanha, da ilha de Córsega, a Alsácia, a Occitania e a região Basca francesa ainda preservam dialetos próprios. A política de resgatar a identidade nacional da França, de Nicolas Sarkozy, fechando as fronteiras para estrangeiros e proibindo o uso de símbolos religiosos nas escolas e nas ruas, também é uma prova disso.

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Com a internet, a reação é a mesma. Para tentar dissuadir os franceses a mergulhar no universo online - que pouco tem a ver com a história de Napoleão, o País tem criado leis absurdas. A mais recente é a de não poder pronunciar as palavras Facebook e Twitter. O CSA considera que “dirigir telespectadores e ouvintes à página da emissão nas redes sociais sem citá-las tem caráter informativo”. Ao nomeá-las, a ação se torna publicitária, o que contraria o decreto de 27 de março de 1992 que proíbe a publicidade clandestina. É essa lei que não permite a citação de marcas na rádio ou na televisão. Seguindo esse raciocínio, os jornais ou programas de tv não podem mais dizer “seja nosso seguidor no Twitter” ou “saiba mais em nossa página no Facebook”, mas sim ” nos encontre nas redes sociais”.

A regra não tem nenhum fundamento. Para que haja uma publicidade clandestina é preciso ter uma retribuição de uma forma ou de outra – o que não é, certamente, o caso das duas redes sociais que não precisam disso e muito menos da França para progredir. Impedindo as emissoras de citar um serviço como o Facebook, que tem mais de 500 mil usuários, e o Twitter, que se tornou uma referência em rapidez ne transmissão de informaçoes, o CSA mostra mais uma vez a que ponto as elites administrativas e políticas francesas estão por fora da realidade das mudanças do mundo.

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O Facebook e o Twitter não são marcas como Coca-cola ou McDonald’s, mas muitas vezes fontes de informações. Nos quatro cantos do mundo, muitos jornalistas e até políticos usam esse meio de comunicação para aprofundar debates com leitores, receber reações do público e até dar suas versões oficiais de certos fatos. A vitória do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, inclusive, foi em grande parte impulsionada pelo poder dessas redes sociais. Proibir a divulgação desse meio nas rádios e na TV representa o uso da força pública para controlar algo que foi criado para ser livre. Isso depois que Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, foi recebido recentemente no Elysée, e tirou uma bela foto ao lado do presidente francês, Nicolas Sarkozy.

No exterior, a decisão do CSA é ridicularizada. O antigo hábito gaulês dos franceses de tudo controlar tem sido criticado pelas mídias internacionais. O New York Post lançou um debate hoje sobre essa questão. O Huffington Post reprova a França por sua vã tentativa de « afrancesar » o vocabulário da internet – a começar pelo e-mail, substituído por courriel. « Os anglos-saxões que vivem na França, como eu, se confrontam em permanência com um paradoxo incompreensível de uma sociedade universalmente admirada por sua alegria de viver, mas que tem ao mesmo tempo uma cultura burocrática opressiva feita de decretos e leis », disse ao site Rue89 Matthew Fraser, do blog This Much I Know, na França.

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