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O Globo: só faltou chamar João Paulo de petralha

João Paulo Cunha não é mais um indivíduo. É o “petista que presidiu Câmara” e que foi “condenado por corrupção”. Dos jornais, O Globo foi que mais explicitou o caráter político do seu próprio julgamento, paralelo ao da Ação Penal 470. Não se trata apenas do juízo de um crime, mas também de um partido e de um projeto político que venceu três eleições presidenciais

O Globo: só faltou chamar João Paulo de petralha (Foto: STF/Divulgação_Folhapress)
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247 – Na sessão desta quarta-feira no Supremo Tribunal Federal, João Paulo Cunha, ex-deputado e candidato à prefeitura de Osasco, na Grande São Paulo, pelo PT, foi o primeiro político condenado na Ação Penal 470. Um caso incontroverso, na visão dos ministros do STF, é o saque de R$ 50 mil feito por sua esposa numa agência do Banco Rural – segundo a defesa do ex-parlamentar, que presidiu a Câmara dos Deputados, para pagar pesquisas pré-eleitorais. Neste caso, João Paulo Cunha foi condenado por peculato e corrupção passiva e a pena sugerida por Cezar Peluso foi de seis anos de prisão. A pena pode ainda ser ampliada para nove anos, em regime fechado, caso João Paulo seja condenado no outro peculato – referente à contratação de uma assessoria de imprensa – e por lavagem de dinheiro.

Estes são os crimes, atribuídos a um indivíduo, que foram julgados na sessão de ontem do STF. Mas está também em andamento um julgamento paralelo. O julgamento do PT, ou de um projeto político que venceu as últimas três eleições presidenciais no Brasil e que deve vencer a quarta, pelos meios de comunicação – que, mais do que simplesmente informar, também desempenham um papel político no País e, não por acaso, são rotulados como “partido da imprensa golpista”.

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De todos os grandes jornais, o Globo foi aquele que mais explicitou o caráter político de seu próprio julgamento na sua manchete. A começar pela desindividualização do réu. João Paulo Cunha passou a ser o “petista que presidiu Câmara”, que foi “condenado por corrupção”. Abaixo da manchete, há uma charge de Chico Caruso, em que ministros do STF, com lenços brancos, se despedem de um João Paulo nu. Na Folha, uma manchete parecida, mas mais contida: “STF condena petista por corrupção”. E o Estado de S. Paulo, em vez de fazer política, se ateve à verdade factual: “Supremo condena João Paulo e petista prepara renúncia”.

Na prática, ao Globo, só faltou rotular João Paulo Cunha como “petralha”. Não como um cidadão, político, réu ou mesmo um criminoso. A manchete sugere que “petista” é sinônimo de integrante de uma gangue, de quadrilheiro. E dificilmente O Globo, numa eventual condenação de Eduardo Azeredo, num também eventual julgamento do mensalão mineiro – a respeito do qual os meios de comunicação não fazem pressão alguma, como diz o ministro Joaquim Barbosa – daria como manchete algo como “Tucano que governou Minas é condenado por corrupção”.

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Ocorre que, segundo pesquisas, o PT ainda é o partido com o qual os brasileiros mais se identificam. No julgamento das urnas, foram três eleições presidenciais vitoriosas e há a tendência de uma quarta vitória. Em São Paulo, as perspectivas eleitorais para as forças políticas que deram vazão ao neoudenismo não parecem as mais animadoras.

De todo modo, o julgamento da Ação Penal 470 sugere uma mudança de padrões no Brasil. Dos ministros do STF, espera-se rigor e isenção e uma justiça cega a todo tipo de pressão. De alguns meios de comunicação,  não há o que esperar, a não ser a hipocrisia típica dos que também agem como atores políticos, mas não assumem suas posições.

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