‘O mínimo de decência se tornou uma utopia’, escreve filósofo Joel Pinheiro da Fonseca
O economista e filósofo Joel Pinheiro da Fonseca repete a palavra mágica de John Lennon para imaginar o Brasil não governado por um "psicopata ignorante cercado de puxa-sacos que estimulam o medo"
247 - "Toda semana, um novo 'absurdo' do presidente monopoliza as discussões. Já passou da hora de as instituições agirem. Enquanto isso não acontece, em vez do desgosto de contemplar a realidade, vou fazer o que nos resta neste isolamento: sonhar com o Brasil que poderia ser. Encarnando o John Lennon de 'Imagine', convido o leitor a imaginar um mundo ideal", escreve na Folha de S.Paulo.
"Imagine se o presidente, em vez de fazer um discurso - entrecortado por estranhas tosses secas - para inflamar centenas de manifestantes que pediam um novo AI-5, fosse às TVs e às redes sociais para acalmar a população".
"Assolados pela pior ameaça de saúde pública dos últimos cem anos, nem passaria pela cabeça da Presidência trocar o ministro da Saúde no momento crítico da epidemia pelo simples motivo dele seguir as orientações de epidemiologistas. Tampouco nós teríamos motivo para temer que seu substituto fosse um pau mandado seguidor das ideias de Olavo de Carvalho, figura que aliás nada teria a ver com a condução de nenhuma parte do governo".
"Imagine se a discussão científica acerca dos diferentes tratamentos —plasma do sangue, hidroxicloroquina— se desse sem a politização de remédios e a promessa de curas milagrosas antes de qualquer evidência concreta? Um presidente que não vendesse caixinha de remédio na live do Facebook, dificultando inclusive o teste do remédio com um mínimo de controle por parte das equipes médicas".
