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Mídia

O vale tudo no Facebook

Temos que ter um pouco mais de bom senso em nossas postagens, sem fazer uma espécie de vale tudo, como se as redes sociais fossem uma terra sem lei

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Que o Facebook é a melhor rede social do planeta, não há discussão. Pelo menos é isso que oito entre 10 internautas falarão em uma possível pesquisa, se realizada. Mas tem uma coisa que tem me irritado profundamente na empresa criada pelo nerd Mark Zuckerberg e alavancada pelo genial, astuto e também bilionário Sean Parker (já que ao meu ver o que o brasileiro Eduardo Severin fez foi muito pouco perto do que essas duas feras da nova economia realizaram, esses sim os donos do verdadeiro mérito).

Estava eu entrando por esses dias na minha página inicial, quando vejo três imagens chatas e nada confortáveis de se ver: a primeira era de policias do Rio de Janeiro se vangloriando com suas metrancas, por ter arrancado a cabeça de alguns "traficantes" (bagrinhos, é claro, já que os chefões estão soltinhos tomando champanhe e desfilando de terno e gravata pelos salões das altas rodas), na guerrinha urbana que já está tão habitual nos morros da cidade ainda maravilhosa; a segunda foto era de um estuprador, que logo após ser morto por algumas pessoas ligadas à comunidade de sua vítima, teve o seu pênis estirpado e depois de moribundo, teve ainda, o seu órgão sexual colocado em sua própria boca; e a terceira era de uma mulher que não tinha se depilado (se é que ela se depilou algum dia na vida) mostrando a sua genitália peluda (por assim dizer) em um grau que deixaria as beldades das revistas Sexy e Playboy com vergonha de suas poses. Sem falar nas fotos do bebê com câncer no rosto (o famoso clique aqui e ajude, uma mentira lascada que só coloca vírus nos computadores do cidadão), e outras semelhantes às já faladas.

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Sei que a política de privacidade do Facebook foi feita para pessoas maiores de 18 anos, mas todos nós sabemos que muitas crianças acessam a rede social (autorizadas pelos próprios pais, diga-se de passagem) e outras, na hora de fazer o cadastro, mentem a idade para participar do meio de interação mais efervescente do momento.

Claro que eu não estou querendo ser puritano pela mulher que se arreganhou toda (desculpe, mas não achei um outro termo para descrever, digamos, tanta elasticidade), nem tão pouco defender párias da sociedade, como o estuprador morto pela população, e os "traficantes" trucidados pela Polícia Militar fluminense. Muito pelo contrário. Só acho que temos que ter um pouco mais de bom senso nas postagens e não fazer um vale tudo, como se as redes sociais de um modo geral fossem uma terra sem lei dando margem para que governos aproveitadores entrem em cena contra a livre expressão. Outros poderão falar: mas e a imagem do Kadafi mais pra lá do que pra cá, pode? Ali era, na minha visão, um trabalho jornalístico, e a imagem deveria sim ter sido mostrada, já que desta forma ela tira todo o resquício de dúvidas de que o mesmo se foi para o além ou para o quinto dos infernos, se preferir, o que não aconteceu, por exemplo, no caso do terrorista Osama Bin Laden, e que gera especulações até hoje sobre o paradeiro do seu corpo. São situações e situações.

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Especialistas dizem que o Facebook, depois de sua oferta pública de ações – a famosa sigla IPO – será avaliado em 100 bilhões de dólares, o que colocará o mesmo abaixo apenas do poderoso Google em valor de mercado, quando se contado apenas empresas puramente onlines. Mas se a rede de Zuckerberg quer ser o coração dentro da internet, como ele mesmo diz, precisa reaver essa questão de postagens o mais rápido possível, já que ninguém é obrigado a ver atrocidades e apelações gratuitas, e ainda por cima, que vêm sempre de surpresa, sem você estar esperando por aquela fotografia ou vídeo grotesco.

O YouTube, por exemplo, conseguiu fazer algo semelhante ao que eu imagino ser o ideal, principalmente depois de junho de 2009, quando várias pessoas foram mortas no Irã, no que ficou conhecido como 'Movimento Verde' ( protesto realizado pela população daquele país, que enxergou, com toda razão, uma eleição fraudulenta, e que colocou novamente no poder o polêmico e odiado por grande parte da população mundial Mahmoud Ahmadinejad, vencedor do candidato reformista Mir Hussein Mussavi), tendo como mártire a bela jovem estudante Nedá Agha-Soltan, que morreu agonizando depois de levar um tiro no peito, vindo de um prédio no centro da capital Teerã (disparado pela polícia ligada aos aiatolás, os verdadeiros donos da Pérsia), numa cena difícil de se esquecer, chocante e que correu o mundo pelos aparelhos celulares, antenas parabólicas e jogados logo em seguida na internet, de uma forma toda desordenada e sem aviso prévio.

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 Se o Facebook não quiser ir para o caminho do Orkut, naquilo que chamamos de "orkutização", deve começar a pensar bem nessa questão, já que, caso isso não aconteça, a chance de perder usuários para outras redes emergentes e menos liberais, criadas de minuto em minuto, são grandes. Um preço que é complicado para se pagar nessa altura do campeonato, em que o mesmo alcançou nada menos que 800 milhões de usuários ao redor do planeta e um status de ser um serviço 'cool', que pode ser traduzido como legal, leve e divertido.

Eder Fonseca é fundador do portal Panorama Mercantil. Seu perfil no Twitter é @_EderOficial

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