O vermelho, o azul e a transparência
Afinal, por que Reinaldo Azevedo se incomoda tanto com o 247?; leia a nova resposta de Leonardo Attuch aos ataques do blogueiro
Leonardo Attuch _247 - Reinaldo Azevedo não é jornalista. Nunca foi. Parece incapaz de diferenciar o que é opinião e o que é notícia. No 247, como em qualquer jornal, a opinião dos colunistas representa a opinião dos próprios e não os torna nossos sócios nem parceiros, como ele pretende fazer crer aos seus leitores. Aqui, ao contrário de espaços dogmáticos e fechados, como é o blog do próprio Reinaldo, cabem todos, sem distinção partidária. Todos são bem-vindos e têm direito à palavra, inclusive nos comentários. Mesmo quando nós somos o alvo.
No novo ataque que faz ao 247, o blogueiro da Abril tenta também vincular nossas posições a patrocínios públicos. Outra mentira. Reinaldo chega até a tratar, maliciosamente, uma empresa privada como pública. Assim como Veja e qualquer outra publicação da Abril, o 247 trabalha com anunciantes públicos e privados. E, ao contrário do que muitos pensam, nenhuma publicação foi tão servil ao governo Dilma em seu primeiro ano como Veja. Através dela, a presidente pôde conduzir sua faxina e trocar todos os ministros que lhe incomodavam. Antes de ser PIG, Veja foi um instrumento palaciano.
Nos nossos modelos de negócio, a diferença é uma só: o conteúdo deles é pago; o nosso, gratuito. De resto, não há nada que qualquer pessoa esclarecida sobre a atividade dos meios de comunicação não saiba. No nosso caso, a publicidade é, sim, a fonte de receitas para uma empresa que tem crescido de forma consistente e planejar ter jornais com a bandeira 247 em todos os estados do País.
Este crescimento, aparentemente, incomoda. E revela muito sobre as transformações da mídia no Brasil, onde a força da internet é crescente. Não gostamos de alimentar a presunção, mas nossos leitores sabem que tivemos um papel decisivo na divulgação dos fatos relacionados à Operação Monte Carlo. Não fôssemos nós, como têm dito muitos leitores, a chamada grande mídia teria varrido o caso para debaixo do tapete. Mergulharam nele, com três semanas de atraso, quando perceberam que era inevitável. E que Demóstenes Torres era um fósforo queimado da "ética".
Ao contrário de outros veículos também cobrimos fatos relacionados à mídia. E isso parece incomodar muito Reinaldo Azevedo. Quando Fabio Barbosa se tornou presidente do grupo Abril, avisamos que seu discurso ético era incompatível com a presença de Mario Sabino, ex-redator-chefe de Veja e amigo pessoal de Reinaldo, na publicação. Também criticamos abertamente o uso de câmeras clandestinas no hotel Naoum em Brasília pela revista Veja. E, da mesma forma, avaliamos que a revista ainda não prestou explicações adequadas sobre uma relação tão próxima com um bicheiro, que pretendia legalizar o jogo em todo o País.
Reinaldo argumenta que, com as reportagens produzidas pelos arapongas de Carlos Cachoeira, o Brasil economizou alguns milhões. Se é assim, que ele seja solto, condecorado e ganhe o comando da Polícia Federal.
De resto, Reinaldo também revelou uma nova faceta de seu caráter: a de tornar públicas mensagens que eram privadas. Se achava que isso nos constrangeria, perdeu. O ego do blogueiro parece ser tão inflado que o faz transformar em "fãzaço" quem se dirige a ele numa mensagem eletrônica, chamando-o de "Caro Reinaldo". Acorda, querido. Não somos e nunca fomos seus fãs. Você, assim como seus patrões, é apenas um personagem relevante das relações entre mídia e poder no Brasil. Um assunto que vamos continuar cobrindo. E se quiser avançar fundo sobre o que fazemos, sinta-se à vontade. Nada aqui nos envergonha. Ao contrário.
Por fim, Reinaldo gosta de brincar com seu vermelho e azul, cores que talvez não tenham sido escolhidas por acaso e que representam a camisa-de-força mental do blogueiro. O vermelho, em geral, é a opinião errada de um petralha, e o azul a correção com o inseticida de Reinaldo. Nós preferimos a transparência. Se tiver qualquer dúvida sobre o que fazemos, escreva para contato@brasil247.com.br. No caso recente, que envolve Veja e Cachoeira, tentamos entrar em contato com Policarpo Júnior, redator-chefe da revista, Eurípedes Alcântara, diretor de redação, e Fabio Barbosa, presidente da Abril. Todos silenciaram.
Leia, abaixo, a nova crítica de Reinaldo Azevedo ao247:
02/04/2012 às 7:33
Apenas um homem honrado e livre — entre Delúbio e Dirceu
Há tempos venho sendo atacado com incrível virulência por um rapaz chamado Leonardo Attuch, que se dizia um “fãzaço” meu até outro dia. Ele comanda um site chamado “247″, do qual, acreditem, não sou leitor. Fico sabendo das agressões porque leitores sempre enviam links ou trechos — alguns deles, acredito, vindos de lá. Não dava bola a suas estripulias circenses porque sabia que, entre outras coisas, ele esperava ansiosamente uma resposta minha para ganhar visibilidade. Num texto escrito anteontem, este notável estilista da língua, do decoro e do confronto superior de ideias me acusou de “não debater e argumentar”, mas de “latir e rosnar”. E publicou uma foto minha entre dois cachorros, demonstrando o que entende por “debate e argumento”. Até outro dia, ele me xingava com patrocínio da Caixa Econômica Federal — parece que o do Banco do Brasil não rolou… No momento, ele me xinga com o apoio do governo do Distrito Federal, daquele patriota do petismo chamado Agnelo Queiroz. Ontem, atendi à expectativa de Attuch e lhe dei uma resposta. Resisti à metáfora zoológica. O texto está aqui.
Publiquei cinco de uma longa lista de e-mails que este rapaz me enviou ao longo do tempo, até 2011. Era um grande admirador do “caro Reinaldo”, como ele me chamava. E demonstrava estar bastante preocupado com a perseguição à imprensa livre, com a “chavização” do Brasil, com a satanização do Judiciário empreendida pelos petistas etc. Até o dia em que passou a me atacar, assim, do nada! O que havia mudado? O governador do DF, diga-se, é uma das personagens da investigação da Operação Monte Carlo. Parece que ele não contou isso a seus leitores.
Attuch decidiu me ofender afirmando que lato e rosno. Eu apenas o relato chamando-o de companheiro de colunismo de José Dirceu! Ontem, no entanto, leitores me alertaram para outro colunista da página — eu, de fato, ignorava. Já falo a respeito. Attuch decidiu responder a meu texto. Sei que estou tornando sua página um pouco mais conhecida. Não me importo. Quem, desconhecendo-a, for visitá-la e se encantar com o que lá vai merece mesmo ler aquilo. Reproduzo a sua resposta em vermelho e comenta-a em azul. Ele não se anime muito porque tenho mais o que fazer.
*Reinaldo Azevedo não é um homem livre. Num texto publicado nesta manhã, em que ataca a mim e ao 247, ele revela ser escravo de seus preconceitos. E o que aponta como principal virtude, a suposta “coerência”, é também seu principal defeito. No mundo maniqueísta de Reinaldo, petistas serão sempre “petralhas”. E tucanos ou demistas serão homens honrados até o dia em que se revela a desonra.
Leonardo não tem medo do ridículo. É seu traço mais corajoso. Como ele sabe, jamais havia citado a sua página aqui e não “decidi” atacar ninguém. Respondi, e de maneira muito educada, a uma agressão. Suponho que não será Attuch um bom professor de liberdade. Numa homenagem a Millôr Fernandes, afirmo que não receberei lições, nessa área, de quem se mostra “livre como um táxi”. Attuch mente sobre o significado da palavra “petralha” e mente sobre os meus textos, como sabem os leitores. Os arquivos estão aí. Defendi, por exemplo, que o PSDB punisse exemplarmente o senador Eduardo Azeredo (MG) por conta do que ficou conhecido como “mensalão de Minas”. Com José Roberto Arruda, expulso do DEM, não foi diferente. Attuch, o que me cobria de elogios até outro dia e se mostrava crítico feroz dos petistas, só consegue sustentar a sua tese negando a realidade. Quando à palavra “desonra”, já, já…
No 247, ao contrário, cultua-se a liberdade. E, se aqui escreve um José Dirceu, como ele condena, também há espaço para representantes de todos os campos políticos, como Arthur Virgílio, César Maia, Walter Feldman, Jarbas Vasconcelos e Gabriel Chalita, entre tantos outros, como também haveria para o próprio Demóstenes Torres, caso este quisesse se defender no nosso portal. Um espaço que, ao contrário do blog de Reinaldo, é democrático e plural.
Ele esqueceu de incluir outro escriba em seu site: Delúbio Soares. Isto mesmo: este grande pluralista tem, entre seus colunistas, dois nomes processados pelo STF: um é acusado pela Procuradoria Geral da República de ser o “chefe da quadrilha” do mensalão. O outro era seu operador. De fato, sou escravo da minha coerência — e raramente um amigo me elogiou com tanta precisão. Attuch é funcionário de um estranho tipo de pluralidade, que acolhe tipos como essa dupla. No meu blog, com efeito, não há espaço para eles. Para o meu gosto, mas isto é com a Justiça, estariam em outro lugar. O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), por exemplo, um homem honrado, não deixa de ser a virtude servida de bandeja ao vício.
Em companhia de Dirceu e Delúbio, Attuch tem a coragem de acusar a “desonra” alheia.
Que haja leitores que caiam nessa conversa, eis a verdadeira diversidade do mundo. Por que o superpoderoso José Dirceu, que tem o seu site, feito por uma equipe contratada para esse fim (dinheiro não falta ao “consultor de empresa privada”), precisa do “247″, de Attuch? Já tem o seu próprio “288″… Transformá-lo em colunista, reitero, é um caso de “171″. Quanto a Delúbio… Uau! O grande feito jornalístico de Attuch foi descobrir que este senhor tinha algo a dizer. Na CPI do Mensalão, se bem se lembram, ele só tartamudeava… Mas eu entendo: Delúbio, como foi amplamente noticiado na imprensa nacional, compra até a indicação de paraninfo de formandos universitários. Eles o convidam para o discurso, e o mensaleiro paga o baile. Não estou metaforizando, não! É assim mesmo.
Na sua crítica, Reinaldo resgata emails pessoais antigos que trocamos, como se isso fosse gerar algum desconforto e constrangimento. Ao contrário. Do nosso ponto de vista, é possível sim concordar com Reinaldo em alguns pontos, e discordar em outros. Assim como também é possível concordar e discordar, pontualmente, de Luís Nassif, Paulo Henrique Amorim e de qualquer cidadão. Enquanto alguns colunistas preferem atirar pedras uns aos outros, como se fizessem parte de duas torcidas organizadas - PIGs versus JEGs -, nós preferimos pensar por conta própria.
Não, senhor! Eram (e são) e-mails, tanto os que publiquei como os que não publiquei, que traduziam uma visão de mundo, uma leitura do processo político, uma abordagem do que está em curso. Antigos? Numa homenagem a Chico Anysio, observo que não são de 1927, do tempo de Pantaleão… 2009, 2010, 2011. Outro dia, Attuch!!! Sim, eu lhe enviei algumas poucas respostas, que também tenho guardadas. Se quiser, pode publicá-las. Leonardo provará ao menos uma coisa que disse a meu respeito, agora que decidiu não gostar mais de mim: sou escravo da minha coerência. E ele? Em 21 de dezembro de 2008, por exemplo, escreveu:
Caro Reinaldo,
Fique atento ao Roda Viva de amanhã. Seja você o ombudsman do programa.
Quanto ao editorial da Folha, foi bom, mas podia ser mais literal, dizendo na última linha quem comprou quem. Para a petralhada, meia palavra só não basta.
Sobre o áudio do grampo, é só colocar uma perguntinha aos blogueiros de aluguel: por que eles nunca pedem o áudio da reunião dos delegados com o Humberto Braz (que, aliás, jamais apareceu). Simplesmente porque ele evidenciaria uma armação (flagrante forjado onde se pede dinheiro e não se oferece).
No mais, feliz Natal e um próspero e combativo 2009.
abs
Leonardo
Não sei se era apenas para demonstrar, mais uma vez, apreço por mim, mas notem que ele incorporou a seu vocabulário a palavra “petralhada”… Agora ele acha isso muito feio… Sem essa! Não são e-mails que tratam de questões pessoais — que não me dou a esses desfrutes. Ninguém jamais recebeu ou receberá mensagens minhas tratando de questões existenciais. Nem faço nem ouço confidências com ou de amigos. Se querem falar comigo, os temas são aqueles que dizem respeito a questões públicas.
Não se iludam. A suposta coerência de Reinaldo nada tem ver com liberdade intelectual. É apenas a camisa-de-força de um jornalista que decidiu ter lado. E que no caso em que foi objeto de nossa crítica, o das relações perigosas entre Veja e Carlos Cachoeira, ainda não apresentou argumentos consistentes. Apenas rosnou.
Attuch como juiz de “liberdade intelectual” é uma piada! Alguém que encerra um artigo afirmando que o outro “não apresenta argumentos consistentes”, mas “rosna”, convenham, está se definindo. O caso a que ele alude — e no qual insiste, agora com seus novos amigos — é só uma pilantragem, já está demonstrado, para tentar livrar a cara da turma do mensalão.
Eu rosno? Ok, farei uma concessão ao estilo zoológico do ex-admirador do “caro Reinaldo”. Posso rosnar, sim, mas não fico de quatro para Delúbio Soares e José Dirceu. Eu jamais os convidaria para paraninfo e para pagar as minhas cervejas.
PS - Em tempo: a presidente Dilma Rousseff já demitiu seis ministros sob suspeita de corrupção. Attuch tem outros potenciais colunistas. Afinal, ele é um homem livre.
PS2 - Sim, leitor, agora chega, que tenho mais o que fazer. A menos, claro!, que considere necessário.
Por Reinaldo Azevedo
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