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Podval, Sabino e o mistério das páginas amarelas

Que critrio define a publicao de uma entrevista num dos espaos mais nobres da imprensa brasileira? O interesse pblico ou privado? A entrevista, em Veja, do criminalista Roberto Podval, que sonha em presidir a OAB, deixa dvidas

Podval, Sabino e o mistério das páginas amarelas (Foto: Divulgação)

247 – A disputa é apenas no ano que vem, mas a corrida eleitoral já começou. Em jogo, a presidência da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil. Quem mais se movimenta numa espécie de pré-campanha no mundo jurídico é o criminalista Roberto Podval, que ganhou notoriedade nacional ao defender o casal Nardoni, no julgamento sobre o assassinato da menina Isabela.

O marco zero dessa pré-campanha de Podval foi uma entrevista nas páginas amarelas da revista Veja, um dos espaços mais nobres da imprensa brasileira, onde já falaram personalidades como Bill Clinton e Kofi Annan. Podval, apresentado pela revista como “um dos advogados que mais trabalham no País” e representante “de uma geração que tem encontrado trabalho com facilidade”, foi uma surpresa até para os leitores de Veja, pois, mesmo no mundo do direito, ele é um nome ainda em formação.

Os detratores de sua chapa à presidência da OAB-SP a batizaram como “chapa Pepino di Capri”. Isso porque Podval promoveu um banquete em Capri, para festejar seu casamento, para o qual foram convidados autoridades, como o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, e jornalistas, como Mario Sabino, redator-chefe de... sim, da revista Veja. Segundo o jornalista Luis Nassif, a ligação entre Podval e Sabino provocou até a demissão de um nome de primeira grandeza de Veja – o jornalista Felipe Patury, que a trocou por Época, porque não pôde noticiar, na Abril, nenhuma linha sobre o casamento de Podval.

Ligação mais estreita

O vínculo entre Podval e Sabino, no entanto, vai além da pura amizade e de encontros eventuais mediterrâneos. Foi o criminalista quem obteve para o redator-chefe de Veja o habeas corpus 2008.03.00.040887-3/SP, no Tribunal Regional Federal da Terceira Região.

Sabino era processado pelo delegado Moyses Eduardo Ferreira, da Polícia Federal, em função de três reportagens publicadas por Veja: “Nuvens Escuras no Horizonte”, “Nota Oficial de Veja” e “A falácia do Doutor Moisés”, em que a revista se dizia perseguida pela PF. O inquérito foi trancado em janeiro de 2010. Podval se casou em julho de 2011. As páginas amarelas foram publicadas neste mês.