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"Policarpo é foda", rosna Reinaldo Azevedo

Escalado para defender uma revista acuada, blogueiro tenta vencer debate latindo mais alto; no, Reinaldo, Veja ainda no se explicou sobre as relaes da revista com um dos maiores contraventores do Pas e a gnese dos seus escndalos

"Policarpo é foda", rosna Reinaldo Azevedo (Foto: Edição/247)

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247 - O blogueiro Reinaldo Azevedo, que escreve como poucos no Brasil, publicou um de seus piores textos neste sábado. Em vez de debater com ideias e argumentos, pretendeu defender a casa à qual presta seus serviços latindo mais alto.

"Policarpo é foda", au, au.

"Policarpo é foda", uh, uh.

"Policarpo é foda", grrrrr.

Na essência, Reinaldo afirma que jornalistas investigativos levantam suas informações no submundo e que poucos fazem isso tão bem quanto Policarpo Júnior, redator-chefe da publicação. Segundo Reinaldo, Policarpo é também responsável por metade da faxina ética do governo Dilma e que, graças às suas reportagens, o Brasil economizou alguns milhões.

Deveríamos, portanto, condecorá-lo.

Não é bem assim, Reinaldo.

Antes de atender ao interesse público, as reportagens vinculadas a Carlinhos Cachoeira atendiam ao interesse do próprio Carlinhos Cachoeira. Conforme publicamos aqui, o bicheiro poderia ter sido preso em 2004 se Veja não tivesse tentado tumultuar uma CPI da Assembleia Estadual do Rio de Janeiro, numa reportagem em que o bicheiro era tratado como "empresário de jogos" e os deputados como chantagistas (leia mais aqui).

Tivesse ele sido preso lá atrás, muita arapongagem fajuta teria sido evitada.

No escândalo dos Correios, Cachoeira também tinha uma agenda oculta. Queria fazer de Demóstenes Torres Secretário Nacional de Segurança Pública (leia mais aqui).

Se essa conexão entre o crime e a maior revista semanal do País é tão saudável, e contribui até para que a presidente Dilma Rousseff faça sua faxina, deveríamos soltar Cachoeira e dar a ele o comando da Polícia Federal.

Caia na real, Reinaldo: Veja não atuou a serviço do País; atuou a serviço do bicheiro.

Leia, abaixo, o texto do rottweiller da Editora Abril:

Cachoeira gravado pela PF: "O Policarpo nunca vai ser nosso! O Policarpo é nosso!" Na mosca

Por Reinaldo Azevedo

O maior prazer do pervertido é assistir à queda de um puro. A frase — talvez literal; não vou parar para consultar agora — está no livro “Se o Grão Não Morre”, autobiografia do escritor francês André Gide. Naquele caso, aconteceu. Neste outro, de que trato, os pervertidos estão tentando se lambuzar na suposta queda alheia. Mas perderam o tempo e a viagem.

Há alguns dias, Policarpo Júnior, um dos redatores-chefes da VEJA e comandante da sucursal da revista em Brasília, vem sendo vítima de uma campanha asquerosa, movida por bandidos. Seus acusadores são notórios ladrões de dinheiro público, escroques envolvidos com o submundo da espionagem — eles, sim, flagrados em investigações da Polícia Federal —, notórios mamadores das tetas do oficialismo. Não têm biografia, mas folha corrida. Estão associados ao submundo do crime para tentar melar o processo do mensalão. Trabalham a serviço de um notório chefe de quadrilha. Essa escória, no entanto, poderia estar falando a verdade, claro… Mas não está! E são as próprias gravações feitas pela Polícia Federal a prová-lo.

Há dias a rede suja da Internet repete a mentira grotesca de que Policarpo teria sido “pego” pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo. O chefe da Sucursal da VEJA em Brasília falou, sim, com Cachoeira e seus “auxiliares” muitas vezes. Ele e quase todos os jornalistas investigativos de Brasília. Em todas elas, estava em busca de informações que resultaram em reportagens que, de fato, derrubaram muita gente. Ousaria dizer que muitos milhões, talvez bilhões, de dinheiro público deixaram de sumir pelo ralo da corrupção em razão do trabalho de Policarpo.

Já escrevi aqui e repito uma obviedade, que é do conhecimento de todo e qualquer jornalista investigativo: não é nos conventos e nos mosteiros que se colhem informações sobe o submundo da capital — e do país. Um jornalista investigativo é obrigado a transitar em áreas muito pouco salubres. MAS ATENÇÃO! O HONESTO, A EXEMPLO DE POLICARPO, TRANSITA, COLHE A INFORMAÇÃO E NÃO SE SUJA. O desonesto se torna funcionário de banqueiro bandido, do espião, do malfeitor. Nao resiste à tentação.

É claro que Policarpo foi fazendo alguns inimigos ao longo dos anos. Todos aqueles que perderam o emprego em razão de suas reportagens — sempre irrespondíveis — e todos aqueles que tiveram interesses contrariados gostariam de lhe arrancar o fígado. Há tempos ele está “jurado” por tipos que podem ser chamados, sem exagero, de representantes do crime organizado. A melhor defesa de Policarpo é a qualidade de seu trabalho. Todos vocês sabem que ele responde por mais da metade do que a imprensa acabou chamando “faxina de Dilma”. Prestou um serviço ao país e, de certo modo, até ao governo. Já escrevi aqui que o crescimento da popularidade da governanta não se deve à qualidade do seu governo, que considero medíocre, mas à demissão dos que foram pegos com a boca na botija. Pegos por Policarpo! Dilma não demitiu auxiliares, suponho, porque as falcatruas apontadas por VEJA eram falsas, certo?

A qualidade do trabalho de Policarpo (des)qualifica seus acusadores. Uma longa conversa de Cachoeira, no entanto, com um de seus auxiliares — o ex-agente da Abin Jairo Martins — é, como direi?, de uma eloquência que deixará os acusadores de Policarpo a roer os cotovelos do ressentimento, do ódio e da vigarice. Mas continuarão na sua sanha desmoralizada porque são pagos pra isso. Reproduzo trechos. Volto em seguida:

Cachoeira - O Policarpo, você conhece muito bem ele. Ele não faz favor pra ninguém e muito menos pra você. Não se iluda, não (…) Os grandes furos do Policarpo fomos nós que demos, rapaz (…) Ele não vai fazer nada procê.

Jairo - É, não, isso é verdade aí.

Cachoeira - Limpando esse Brasil, rapaz, fazendo um bem do caralho por Brasil, essa corrupção aí. Quantos já foram, rapaz!? E tudo via Policarpo. Agora, não é bom você falar isso com o Policarpo, não, sabe? Você tem que afastar dele e a barriga dele doer, sabe? Tem que ter a troca, ô Jairo. Nunca cobramos a troca.

Jairo - Isso é verdade.

Cachoeira - E fala pra ele (…) eu ganho algum centavo seu, Policarpo? Não ganho (…) Nós temos de ter jornalista na mão, ô Jairo! Nós temos que ter jornalista. O Policarpo nunca vai ser nosso…

Jairo - É, não tem não, não tem não. Ele não tem mesmo não. Ele é foda!

Voltei

Se tiverem paciência, ouçam a conversa inteira na VEJA Online. Cachoeira e Jairo estão reclamando de Policarpo porque lhe passaram informações para chegar a alguns ladrões de dinheiro público — alguém aí acha que foram os santos que derrubaram José Roberto Arruda? —, mas Policarpo não lhes deu nada em troca. Não os poupou nem mesmo do noticiário.

É isso aí! Policarpo jamais será “deles” ou “um deles”. Foi a sucursal de Brasília da VEJA que desbaratou o bunker formado em 2010 para produzir mais um falso dossiê contra José Serra, lembram-se? Era aquele grupo comandado por Luiz Lanzetta, que estava sob a chefia do agora ministro Fernando Pimentel (investigado pela Comissão de Ética, diga-se), aquele que fazia visitinhas a Zé Dirceu em quartos de hotel. Uma das pessoas que estavam trabalhando para o grupo era justamente Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, que pertence ao esquema de Cachoeira. Policarpo faz jornalismo, não negócio.

A Polícia Federal flagrou Policarpo, sim! Flagrou-o trabalhando honestamente! Os ladrões e os serviçais dos ladrões não se conformam que VEJA tenha colaborado de maneira decisiva para limpar uma parte ao menos da sujeira de Brasília. Falta certamente muita coisa. O país e o jornalismo podem contar com Policarpo. Continuará a submeter o mundo e o submundo da capital federal e do país a seu — e ao de sua equipe — severíssimo escrutínio. Buscará a informação onde ela estiver. E, assim, continuará a proteger os cofres públicos da ação de larápios.

E fará isso por uma razão simples: Policarpo nunca vai ser deles! Policarpo é foda!

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