Por dentro da mente dos eleitores de Bolsonaro
Em reportagem especial para o site The Intercept, a jornalista Rosana Pinheiro-Machado faz um mergulho na mente desconhecida dos eleitores do ex-capitão do exército Jair Bolsonaro e traça um perfil técnico inédito e relevante para codificações do cenário político-eleitoral brasileiro; para Pinheiro-Machado, a extrema violência que se alastrou pelo Brasil habita o imaginário de muitos jovens que, por sua vez, veem a contra-violência por parte do Estado como uma "solução"; o que fica patente na reportagem é que esses jovens são, eles mesmos, vítimas dessa violência difusa, urbana e policial
247 - Em reportagem especial para o site The Intercept, a jornalista Rosana Pinheiro-Machado faz um mergulho na mente desconhecida dos eleitores do ex-capitão do exército Jair Bolsonaro e traça um perfil técnico inédito e relevante para codificações do cenário político-eleitoral brasileiro. Para Pinheiro-Machado, a extrema violência que se alastrou pelo Brasil habita o imaginário de muitos jovens que, por sua vez, veem a contra-violência por parte do Estado como uma "solução". O que fica patente na reportagem é que esses jovens são, eles mesmos, vítimas dessa violência difusa, urbana e policial.
A matéria do The Intercept inicia em tom de relato, descrevendo traços sociais dos jovens que simpatizam com o candidato do PSL:
"MAYCON, 23 ANOS, um jovem negro de baixa renda, tem um irmão na cadeia, sonha ser policial, defende veementemente a pena de morte, o armamento da população contra o que chama de “Direitos Dosmano”. Eleitor convicto de Bolsonaro, ele gostaria de leis menos frouxas para “a bandidagem”.
Nas rodas de conversa que realizo com adolescentes periféricos, eleitores de Bolsonaro seguem a mesma orientação punitivista e demonstram solidariedade aos policiais, que deveriam ter o direito de matar. Paradoxalmente, esses mesmos meninos relatam um cotidiano de humilhações em abordagens policiais abusivas. “Se eu não estiver vestido como humilde e não estiver de cabeça baixa, [ou seja], se estiver de cabeça erguida e com boné de marca que me associe aos mano, eles me param, dão porrada e me jogam no chão”, contou Pepe, de 17."
A jornalista passa, então, a fazer uma retrospectiva da violência: "o número de mortes decorrentes de ações policiais teve um aumento vertiginoso no Brasil. Em quatro anos, quase triplicou. De acordo com o último relatório do Instituto de Segurança Pública do Rio, a média mensal de 48,6 mortes em 2014 passou a 127,8 em agosto deste ano. Em todo país, 4.424 pessoas foram executadas por policiais em 2016, segundo a última edição do Atlas da Violência. Se partimos do princípio que 71% dos homicídios ocorrem entre jovens negros e pobres, podemos supor a cor e a classe dessas vítimas da violência fardada.
Olhando para esse padrão, o conservadorismo de Maycon e Pepe parece não fazer sentido. Eles mesmos podem ser o próximo “bandido bom” e “morto”. A pergunta que precisa ser respondida é por que vítimas em potencial da violência de Estado muitas vezes se colocam em defesa da polícia, banalizando as execuções extrajudiciais?"
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