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      Ricardo Miranda: neutralidade mata. Posição dúbia também

      "Precisávamos de mais Boulos na esquerda brasileira. Neutralidade mata. Posição dúbia também. Ou vão esperar cumprirem-se os desígnios do 'filósofo' fascista Olavo de Carvalho, guru da direita", escreve o jornalista em seu blog, citando nomes como FHC, que apesar das críticas a Bolsonaro, não declarou voto em Haddad, e Ciro Gomes, cujo partido, PDT, manifestou "apoio crítico" ao petista

      Ricardo Miranda: neutralidade mata. Posição dúbia também
      Gisele Federicce avatar
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      Por Ricardo Miranda, em seu blog - “Ou nós colocamos as coisas nos trilhos para sair dessa com liberdade, com respeito, ou nós vamos muito mal. Se a imprensa não ajudar, essa campanha não vai terminar bem. Não é assim que se ganha uma eleição. (…) “A democracia está em risco. Acordem”. Fernando Haddad engrossa a voz contra Bolsonaro ao falar após evento público no centro de São Paulo. É preciso falar ainda mais grosso.

      “Eu não diria aberta, mas há uma porta. O outro não tem porta. Um tem um muro, o outro uma porta. Figura por figura, eu me dou com Haddad. Nunca vi o Bolsonaro”. Fernando Henrique Cardoso, ao Estado de S.Paulo, se comportando com mais dignidade que alguns ditos esquerdistas.

      Fernando Henrique, que em seu governo ouviu Bolsonaro dizer que deveria ter sido fuzilado, abre uma portinhola para Haddad, que, de concreto, só recebeu apoio convicto do ex-presidenciável Boulos, do Psol; Ciro Gomes, que deu “apoio crítico” a Haddad e depois sumiu no mapa, enquanto o país incendeia; Aécio e Beto Richa, os anões políticos do PSDB, que anunciaram apoio do capitão-fujão; e o fascista Olavo de Carvalho, que defendeu eliminação até física da oposição a um possível governo das Cavernas/Casernas

      Enquanto desaponta a postura neutra – ou apoios burocráticos e decepcionantes, pelo menos ATÉ AGORA – de alguns homens públicos, incluindo ex-candidatos à Presidência ditos “progressistas”, na disputa terminal entre Haddad e Bolsonaro no segundo turno, o capitão fascista ajuda construindo um “arco de alianças” que parece mais “tiro no pé”. Dois tucanos de biografia em frangalhos e que representam o que de pior existe no partido, Aécio Neves e Beto Richa, ex-governadores de Minas Gerais e Paraná, que viram suas trajetórias políticas virarem pó, apoiaram o Coiso. Após delação da JBS e investigação na lava jato, Aécio derreteu, foi afastado do mandato, deixou o comando do PSDB, fugiu do Senado e segurou-se numa cadeira de deputado federal por Minas Gerais, com 106 mil votos, 19º lugar no estado (teve 51 milhões de votos no 2º turno em 2014, só para lembrar). Outro tucano que passou de gigante (ao menos na mídia) a anão político, Beto Richa amargou o sexto lugar na disputa para o Senado, com 3,73% dos votos após ser preso por corrupção no mês de setembro.

      Nessa barafunda política, um dos personagens surpreendentes do segundo turno até agora tem sido o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ainda que concluamos que esteja apenas no modo instinto de sobrevivência do partido que criou. Mas foi FHC – que, por Bolsonaro, já teria sido fuzilado – quem disse, em entrevista ao Estado de S.Paulo, que o capitão-fujão de debates “representa tudo que não gosto”, abrindo portas para um até há pouco impensável diálogo com setores do PSDB. FHC já disse que havia um muro entre ele e Bolsonaro, mas uma porta com Haddad, que poderiam abrir “em nome da democracia”. Momento memória: em entrevista à TV Bandeirantes em 1999, Bolsonaro afirmou que seria impossível realizar mudanças no Brasil por meio do voto. “Você só vai mudar, infelizmente, quando nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro. E fazendo um trabalho que o regime militar não fez. Matando 30 mil, e começando por FHC”, declarou na ocasião.

      Ciro Gomes, terceiro colocado no primeiro turno e com um forte capital eleitoral à esquerda, continua devendo um apoio mais explícito a Haddad – mais do que dizer, pelas redes sociais, o obvio: que Bolsonaro é inaceitável e que “ditadura nunca mais”. Mas cadê a agenda com Haddad? Eles não subirão juntos em nenhum palanque? Não posarão juntos? Eles sabem o que isso representa – e meus amigos eleitores de Ciro também, portanto, me desculpem a insistência. O PDT informou que Ciro não subirá ao palanque nem fará campanha, e viajou para a Europa, devendo voltar apenas na semana da votação do segundo turno. Oi?

      O “apoio crítico” anunciado pelo ex-candidato do PDT à candidatura de Haddad é muito pouco para o tamanho da encrenca. Enquanto isso, Bolsonaro, ganhou seu primeiro palanque no Nordeste, o candidato do PDT (!) ao governo do Rio Grande do Norte, que também disputa o segundo turno. Carlos Eduardo (PDT) enfrenta Fátima Bezerra (PT). Pode isso, Ciro? Vamos ficar mesmo rebobinando a fita de quem deveria ter apoiado quem com Bolsonaro colocando o primeiro pé na rampa presidencial. E até o PSTU (suspiro) divulgou nota em seu site na qual manifesta voto em Haddad, mas afirmou que não dará apoio político ao petista. Precisávamos de mais Boulos na esquerda brasileira. Neutralidade mata. Posição dúbia também. Ou vão esperar cumprirem-se os desígnios do “filósofo” fascista Olavo de Carvalho, guru da direita, que, como escreveu Caetano Veloso, em artigo na Folha de S.Paulo, “Olavo faz incitação à violência; convoco meus concidadãos a repudiá-lo”, sugere em texto que, caso Bolsonaro se eleja, imediatamente após a posse, seus opositores sejam não apenas derrotados, mas “totalmente destruídos” enquanto grupos, organizações e até indivíduos. Não acredita, leia aqui.

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