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Tereza: pragmatismo eleitoral rasteiro leva empresários a aplaudir Bolsonaro

"Só o pragmatismo eleitoral mais rasteiro pode levar empresários da indústria, bem formados e informados, a aplaudir com entusiasmo um candidato que confessa suas vastas ignorâncias e não apresenta propostas", avalia a jornalista, para quem "tal como em 1989, a elite parece estar fazendo um movimento pragmático"

Tereza: pragmatismo eleitoral rasteiro leva empresários a aplaudir Bolsonaro (Foto: Agência Brasil)
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247 - Para a jornalista Tereza Cruvinel, "só o pragmatismo eleitoral mais rasteiro pode levar empresários da indústria, bem formados e informados, a aplaudir com entusiasmo um candidato que confessa suas vastas ignorâncias e não apresenta propostas".

"Bolsonaro é troglodita, misógino, homofóbico, xenófobo, defensor da tortura e da ditadura. Confessa sua ignorância em economia e sua escassa compreensão dos problemas nacionais", lembra ela, em sua coluna no Jornal do Brasil. Para ela, "tal como em 1989, a elite parece estar fazendo um movimento pragmático".

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Leia abaixo a íntegra:

Abraçando Bolsonaro

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Na eleição de 1989, não se falava nesse deus oculto chamado mercado. Quem representava o olimpo econômico eram os "empresários". E estes, inicialmente, evitavam explicitar apoio a Fernando Collor de Melo, embora vendo nele quem poderia evitar a eleição de Brizola ou de Lula, fantasmas da esquerda. Collor era útil mas tinha seus poréns.

Até que, em algum momento, surgiu o verbo collorir. E dizer que 'fulano colloriu' deixou de ter sentido negativo, passando a significar escolha natural e até ousada. Pode estar ocorrendo, neste momento, algo parecido em relação ao pré-candidato Jair Bolsonaro, dez vezes aplaudido anteontem por empresários, na CNI, sem apresentar uma só proposta para as crises do Brasil.

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Ontem a agência Infomoney divulgou pesquisa da consultoria XP que mostra o avanço das apostas do mercado em Bolsonaro. Segundo a pesquisa, realizada junto a investidores entre os dias 2 e 3 passados, 49% acreditam que ele será o próximo presidente do Brasil. Eles eram apenas 26% em abril. O capitão já estava em segundo lugar, mas a grande aposta (48%) ainda era na eleição de Geraldo Alckmin, crença que hoje só anima 26% neste universo.

Em junho, 45% dos investidores consultados acreditavam que o segundo turno seria entre Bolsonaro e Ciro Gomes. Agora, a dupla em que mais apostam é Bolsonaro e Marina (32%), seguida de Bolsonaro e Alckmin (21%) e de Bolsonaro e Fernando Haddad (16%). É quase certo dizer que uma das vagas do segundo turno será de Bolsonaro, estando a outra em disputa. Mas apostar hoje em sua vitória não parece derivar de uma análise, mas de uma torcida, uma fé, ou algo mais que isso.

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Na medida em que nem o tucano nem os outros candidatos de centro-direita deslancharam, ganhou força a hipótese de que a segunda vaga do segundo turno será da esquerda (do candidato do PT ou de Ciro Gomes). Diante dela, a elite econômica (investidores e empresários produtivos também) parece estar ensaiando um abraço no candidato da extrema-direita. Não pelo que ele diz, pois só diz chistes ideológicos, mas pelo que ouvem de seu assessor econômico Paulo Guedes. A Bolsonaro, basta dizer que concorda em tudo com o economista.

Tal como em 1989, a elite parece estar fazendo um movimento pragmático. Bolsonaro é troglodita, misógino, homofóbico, xenófobo, defensor da tortura e da ditadura. Confessa sua ignorância em economia e sua escassa compreensão dos problemas nacionais. "Não gosto de falar sobre assuntos que não domino", disse algumas vezes na CNI. Mas e daí, podem estar se dizendo os senhores do mercado e da produção. Se ele ganhar e fizer o que é preciso, monitorado por Guedes, é com ele que vamos. E temos que começar a tratar isso com naturalidade.

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Os aplausos no evento da CNI foram precedidos de um encontro de Bolsonaro com pesos-pesados do PIB na terça-feira. Organizado pelo empresário Abílio Diniz reuniu nomes como Cândido Bracher (Itaú), David Feffer (Suzano), José Roberto Ermírio de Morais (Votorantim), Marcelo Martins (Cosan), entre outros. Ali também o candidato fez promessas genéricas, como cortar o gasto público, privatizar, reduzir impostos, sem detalhamento e sem receita para a maioria parlamentar.

Só o pragmatismo eleitoral mais rasteiro pode levar empresários da indústria, bem formados e informados, a aplaudir com entusiasmo um candidato que confessa suas vastas ignorâncias e não apresenta propostas. Ciro Gomes foi incivilizadamente vaiado por dizer que, se eleito, e não tendo poderes imperiais, proporá sim, ao Congresso, a revisão dos aspectos mais selvagens da reforma trabalhista. Já Bolsonaro disse que em seu governo os trabalhadores terão que aceitar menos direitos para ter emprego, e isso deve ter soado como música. Em 1989, Collor prometia matar a inflação com um tiro só. O tiro acertou a própria economia, que entrou em recessão. Pragmatismo, como a esperteza, quando é demais pode engolir o dono.

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