'Transformar o desabafo de Cid em uma nova Vaza Jato é uma grossa desonestidade intelectual', diz Helena Chagas
"A gravação mostra o chororô de quem delatou e, muito provavelmente, estava se explicando a algum delatado", afirma a jornalista
247 - A jornalista Helena Chagas avaliou nesta sexta-feira (22) pelo X, antigo Twitter, o vazamento de áudios em que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), questiona a imparcialidade da Polícia Federal e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes nas investigações que atingem Bolsonaro e seus aliados, dentre elas a que apura uma tentativa de golpe de Estado. Em gravações divulgadas nesta quinta-feira (21) pela revista Veja, Cid diz que investigadores da PF já teriam uma “narrativa pronta” sobre os atos golpistas e “não queriam saber a verdade”.
Para Helena Chagas, se trata de "uma grossa desonestidade intelectual" querer comparar as declarações de Cid ao que ocorreu na Lava Jato. "Vamos e convenhamos, querer transformar numa nova Vaza Jato o suposto desabafo de Mauro Cid afirmando ter sido 'coagido' a delatar o ex-chefe Bolsonaro em sua delação premiada é uma grossa desonestidade intelectual. Naquele caso, tivemos falas vazadas de juiz e procuradores mostrando motivações políticas e métodos escusos de pressão contra acusados da Lava Jato".
"Agora, a gravação mostra, sim, o chororô de quem delatou e, muito provavelmente, estava se explicando a algum delatado ou correlato sua atitude. Aliás, a própria gravação mostra Cid assumindo estar em vários casos — tipo vacinas, joias e golpe — e, por isso, estar provavelmente condenado a muitos anos de cadeia. E deixa claro que fez a delação para reduzir essa pena. É esse o jogo, com qualquer acusado que faz delação. Não há ali um só elemento de prova contra a conduta da PF e do STF no caso — como havia contra Deltan, Moro e etc na Vaza Jato. Vamos colocar as coisas na devida dimensão, sem mistificações", afirmou a jornalista.
