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Tuiteiros de todo o Brasil se aninham em São Paulo

1 Encontro Nacional dos Twitteiros Culturais ocorre na capital paulista, neste fim de semana, no MIS; organizador do evento, Jose Luiz Goldfarb celebra o Twitter como agente de fomento educao; "A mdia digital d condio para cutucar mais gente em prol da leitura", diz ele; leia ping pong

Tuiteiros de todo o Brasil se aninham em São Paulo (Foto: Divulgação)

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Diego Iraheta _247 - Em 140 caracteres, é possível empreender novas formas de escrita e leitura. Como canal de difusão de informações, o Twitter proporciona acesso ininterrupto à cultura e permite o intercâmbio permanente de ideias. Nesse fluxo 24 horas 7 dias por semana de mentions, replies, tuítes e retuítes, fortalecem-se os laços de internautas que só se conhecem virtualmente. Neste fim de semana, porém, a conexão desses seguidores vai ficar de carne e osso durante o 1º Encontro Nacional de Twitteiros Culturais, em São Paulo.

Líderes digitais de todas as partes do País vão bater ponto no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo. O foco dos debates e oficinas que serão realizados no sábado e no domingo é a revolução na educação e na cultura que é facilitada pelas mídias digitais. O organizador do evento, Jose Luiz Goldfarb, também é responsável por outras ações “extradigitais”, como a campanha #DoeUmLivroNesteNatal – que, divulgada pelo Twitter, visa à coleta de livros usados em diversos pontos do país, como shoppings e farmácias.

“O encontro ao vivo fortalece os vínculos da rede digital”, resume Goldfarb. Em entrevista ao Brasil 247, ele recorda o início das reuniões dos twitteiros culturais no Brasil – o primeiro point informal foi a Livraria Cultura da Avenida Paulista. Goldfarb também traça um comparativo entre a revolução digital e a revolução da mídia impressa, mostrando otimismo com os caminhos que podem ser trilhados on-line pela cultura.

Leia a íntegra da entrevista:

247: Esta é a primeira edição nacional do evento. Como foi o histórico dos encontros regionais dos tuiteiros culturais?

Jose Luiz Goldfarb: O encontro de tuiteiros começou em 2009 na Livraria Cultura da Paulista. Surgiu a ideia de reunir ao vivo e a cores um monte de gente engajada com essa plataforma. Foi uma ideia conjunta minha, do Ricardo Costa (gerente do Publish News) e do Sérgio Miguez (editor-chefe da Revista da Livraria Cultura). Batizamos de Encontro dos Twitteiros Culturais – ETC, numa brincadeira com et cetera. Não sei quantos encontros regionais já foram realizados. Mas houve edições no Acre, em Curitiba, em várias partes do Brasil. Cada um incorporando suas características regionais. No ano passado, tivemos bastante público aqui em São Paulo porque foi na Bienal do Livro.

247: Por que é importante um encontro off-line de uma comunidade on-line que já é tão integrada e interconectada o tempo todo?

Essa é uma questão de fundo existencial-filosófico. Eu tuíto muito; as pessoas que me seguem sabem o meu prato de comida, o céu que estou olhando, se tem lua. O ser humano tem hoje as redes à disposição para se integrar sem se preocupar com as distâncias. Assim, ele venceu a barreira do espaço. Mas a gente tem que ter um equilíbrio. Ter um contato “extradigital” com os tuiteiros com quem você se relaciona é complementar ao dia a dia da rede digital. É saudável fortalecer esses vínculos se você consegue um encontro ao vivo.

247: E você tem essa experiência on e off-line simultânea com a campanha @DOEUMLIVRO para o incentivo à leitura...

Justamente. A função da nossa presença nas redes é realizar coisas fora do digital. A campanha #DoeUmLivroNesteNatal chegou em 2011 ao terceiro ano. Em cada ano, conseguimos arrecadar 180 mil livros. Foram livros de “papel e osso”, nos pontos de coleta. Quer dizer, a ideia nasce e cresce no Twitter. Mas, em algum momento, extrapola o mundo digital, vai para os pontos de farmácia de São Paulo, shoppings do Pará, enfim...

247: Esse encontro nacional faz parte da RedeMIS (série de eventos no Museu da Imagem e do Som focados no Twitter), que ministra também oficinas para usar o Twitter. Em que medida dominar a plataforma de microblog contribui com a comunicação no dia a dia?

O que ocorre agora é uma revolução cultural e educacional e, para entender, vale voltarmos ao início da imprensa. Com a impressão do papel, no século 17, os resultados das pesquisas começaram a ser publicados em revistas científicas. O conhecimento se integrou, se globalizou. Quer dizer, o mundo científico estava integrado muito antes da globalização da sociedade, da economia. Hoje, uma das primeiras coisas que a mídia digital proporciona é que pessoas distantes dos centros culturais – como São Paulo, Londres, Paris – tenham acesso à cultura, museus, livros na palma da mão, aplicativos que as empresas estão preparando. As possiblidades de integração, pelo Twitter, pelas mídias digitais, são muito maiores.

247: Mas ler em 140 caracteres ou trechos menores, por pedaços, não prejudica a leitura de grandes obras, não prejudica o padrão de leitura dos brasileiros – como muitos críticos pregam?

O problema da leitura é grave e histórico no Brasil. Muita gente não tem o hábito da leitura por prazer. A mídia eletrônica vai diminuir esse hábito, que já é reduzido? Acho que não.

247: As mídias digitais apontam um caminho mais benéfico, de popularizar o conhecimento?

Olha, eu fui livreiro durante 18 anos. Posso dizer que, por meio da mídia digital, a gente tem condição de cutucar mais gente em prol da leitura. E, no Twitter, a gente pode pôr o link e a obra inteira do Fernando Pessoa. Você não se limita aos 140 caracteres. Você põe o pedacinho que leva para a poesia inteira. Tem link, tem hipertexto, as coisas não se encerram no tuíte.

247: O Twitter vem de um refinamento da internet, tem esse caráter de chat, com pessoas conversando. E, ao mesmo tempo, de blog, com os depoimentos das pessoas. É uma transformação da escrita?

É, o Twitter tem essa coisa maluca. Você está escrevendo e conversando. Ele é o chat, o MSN que amadureceu de forma mais integrada e microbloggada. O Twitter reensina a linguagem, faz dela mais sintética e objetiva. Tem mesmo diálogo um a um, e as pessoas estão mesmo se comunicando.

247: E qual é a receita para uma pessoa escrever bem em 140 caracteres?

Você tem que ser criativo. Deve falar em poucas palavras a mensagem. A criatividade é que conta. Eu vejo os jovens brincando no Twitter. Estão de saco cheio das situações da vida e acabam se expressando tão bem, dominando a linguagem de forma a resumir. Sabem mexer com as palavras.

Serviço

O 1º Encontro Nacional de Twitteiros Culturais ocorre no sábado e no domingo no Museu da Imagem e do Som de São Paulo.

O museu fica na Avenida Europa, 158, Jardim Europa.

A programação do encontro está disponível no site do evento.

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