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Vítimas do vazamento de óleo sentem vergonha do descaso do governo

Em reportagem especial, a Revista Fórum destaca o drama dos moradores das regiões afetadas eplo derramamento de óleo no Nordeste e como as famílias estão envergonhadas pela indiferença e pelo descaso das autoridades ambientais brasileiras diante da catástrofe

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Por Wilfred Gadêlha, da Revista Fórum - “Não tá muito bom, não”, responde, com voz baixinha, o catador de caranguejo Francisco dos Santos, 46 anos. Às margens da SE-100, também conhecida como Rodovia dos Náufragos, ele espera, junto à esposa Nataly, três filhas e uma sobrinha, uma condução para Pirambu, praia que dá nome ao município de pouco mais de 8.500 habitantes, no litoral norte de Sergipe.

Francisco tem vergonha. Vergonha de passar pelo que está passando: com o derramamento de óleo na costa do Nordeste, ele e mais milhares de pessoas que tiram seu sustento do mar e do mangue estão sem saber o que lhes reserva o futuro.

A família do catador de caranguejo Francisco dos Santos é uma das milhares de vítimas do descaso do governo

“O óleo atacou o mangue. Atingiu muita gente que vive da pescaria. Quando a maré coloca, chega lá”, diz ele, que mora no pequeno povoado de São José, na vizinha Japaratuba. Francisco tem fé de que o governo faça alguma coisa por eles. “Eu vi na reportagem que ele vai fazer uma melhora nisso. Eu espero isso”.

Ao seu lado, Nataly explica que cada dúzia de guaiamum, crustáceo muito apreciado nas praias nordestinas e que está em extinção, sai por 40 reais. “Quando a feira é boa, a gente tira uns 150 reais por semana”, completa a catadora de 36 anos. “E isso dá para sustentar a família”?, eu pergunto. “Dá, não. Ainda mais que faz seis meses que a gente não recebe o Bolsa Família. Lá em casa são oito bocas pra comer”, se queixa ela, alegando que duas parcelas atrasadas do programa deverão ser pagas no próximo dia 5.

Pergunto a Francisco se os caranguejos-uçá que estão em um saco, ao lado dos guaiamuns em uma bacia, estão contaminados. “Mostra a ele pra eu não melar minha mão”, diz Nataly. O catador se apressa em dizer que os crustáceos estão bons. “Não, é a lama do mangue mesmo”.

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