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      A Grécia e a saída do euro

      A saída da Grécia da zona do euro pode tornar-se um estudo de caso por mostrar como todos os atores ajudaram no desastre

      Luiz Roberto Da Costa Jr. avatar
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      A criação do euro como moeda única partiu de um projeto monetarista comum, mas que não previu plano de contingência para um país abandonar a moeda e reintroduzir sua moeda nacional. A saída da Grécia da zona do euro pode tornar-se um estudo de caso por mostrar como todos os atores ajudaram no desastre:

      1) A União Europeia aceitou a Grécia na zona do euro sem verificar adequadamente sua dívida pública e seu déficit fiscal;

      2) O governo da Grécia maquiou suas contas para conseguir aderir ao euro;

      3) A oposição ao governo não fiscalizou ou denunciou a real situação econômica da Grécia, assim como o presidente do país (que ficou sem poderes após a reforma constitucional de 1986);

      4) Os juros abaixaram de 8% para 1% a 2%, após a entrada na zona do euro, e os bancos emprestaram muito dinheiro sem muito rigor e sem muitas garantias;

      5) Parte da população conseguiu empréstimos acima da sua capacidade de pagamento;

      6) O desvio de dinheiro e a corrupção no governo, entre outros motivos por causa da Olimpíada de Atenas, não resultaram em prisão de políticos ou congelamento de contas na Suíça e em outros paraísos fiscais para repatriamento do dinheiro;

      7) Há falta de reformas estruturais no país como, por exemplo, o aumento da idade para aposentadoria e do valor de contribuição para reduzir o déficit previdenciário, assim como privatizações de alguns setores da economia;

      8) Os sucessivos cortes nas aposentadorias e nos salários durante a profunda recessão não atingiram a elite burocrática do funcionalismo público aumentando ainda mais a revolta da população;

      9) A troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e União Europeia) está mantendo um programa de austeridade com profunda recessão sem oferecer financiamento para estimular o crescimento econômico, por exemplo, com o aumento do papel do Banco Europeu de Investimento e o uso de fundos da União Europeia para infraestrutura;

      10) A grande mídia internacional cobriu a crise da Grécia, durante muito tempo, apenas do ponto de vista econômico sem a dimensão política e social. Agora está perplexa ao acompanhar o desenlace final da tragédia grega e sem entender porque não há maioria absoluta para formar um novo governo que apoie a manutenção das medidas de austeridade do pacto fiscal.

      Luiz Roberto Da Costa Jr. é mestre em Ciência Política

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