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Mundo

A história de um herói

Quem o paranaense Walter Saito, o empresrio que foi pessoalmente resgatar seus conterrneos nas cidades afetadas pela exploso nuclear

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Já passava de meia-noite de segunda-feira, quando Sueli Saito, de 53 anos, moradora em Londrina (PR), conseguiu, pelo Skype, contato com seu irmão em Fukushima, onde uma usina nuclear foi seriamente danificada pelo terremoto de 8,9 graus e o risco de contaminação atômica apavorava a população. Do outro lado da linha, e do mundo, conectado pelo Skype em uma rodoviária da cidade, o empresário brasileiro Walter Saito, de 41, contava os detalhes de uma odisseia, da qual era o principal protagonista. Walter estava comandando uma heroica missão de resgate de 26 brasileiros que viviam em Sendai e em Fukushima, duas das cidades devastadas pelo desastre de sexta-feira. Alguns minutos depois do telefonema da irmã, Walter, um paranaense de Terra Boa, de 41 anos, liderou um comboio que saiu da região nordeste do Japão e rumou em direção a Tóquio. Na ida, levou três toneladas de arroz para as vítimas do terremoto. "Fui um dos primeiros a chegar com mantimentos. Fiquei muito impressionado quando me disseram que aquilo que levei só daria para um dia. É muita destruição, e são muitas as necessidades", contou ele à imprensa. Na operação, Walter utilizou dois ônibus de sua propriedade, cada um 28 lugares, além de um caminhão e um carro de apoio. Na volta, trouxe os 26 brasileiros e outras vítimas que queriam sair do local. A viagem do até Tóquio durou quase 24 horas. O pequeno comboio tomou o caminho mais longo, pelo interior do país, para evitar o litoral, onde o risco de contaminação radioativa é maior.

Ao mesmo tempo em que Walter realizava seu feito, o Itamaraty anunciava que não dará apoio especial aos brasileiros que queiram voltar ao Brasil. A ajuda acabou quando os compatriotas resgatados em Sendai e Fukushima chegaram a Tóquio. Uma parte abrigou-se na casa de familiares. Outros seis hospedaram-se em hoteis pagos pelo consulado brasileiro. O envolvimento de Walter com o resgate começou, na segunda-feira, com um telefonema do cônsul brasileiro Antonio Carlos da Rocha, que o encontrou em Honjo-Shin, cidade próxima a Tóquio. “Ele me disse que os brasileiros estavam desesperados e precisavam sair de lá”, contou Walter, à rede BBC. “Além disso, falou que não podíamos esperar. A ajuda precisava ser imediata.” Walter poderia emprestar os ônibus e o caminhão, comprar o arroz, instruir seus motoristas e continuar instalado em sua casa, na cidade de Honjo-Shin, onde os efeitos do terremoto não foram sentidos. Já teria sido uma atitude louvável e digna de aplauso. Mas, era pouco diante do sofrimento dos conterrâneos. Ele tomou pessoalmente a dianteira da operação e foi para Fukushima, juntamente com o cônsul.

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A confiança do diplomata em Saito não é gratuita. Em mais de vinte anos no Japão, Walter criou uma extensa rede de contatos entre os brasileiros e se tornou uma referência na comunidade dos degasseguis. Ele também é conhecido por promover ações comunitárias e negócios voltados para a ajuda a brasileiros no Japão. Seu desembarque no Japão aconteceu em 1990. O então professor de judô do Country Club do município Cornélio Procópio (PR), município próximo de Londrina, resolveu tentar vida nova com a esposa Lúcia, no país de seus avós. Formado em educação física, Saito tinha como objetivo regressar ao Brasil em dois anos e abrir uma escola. "Nós chegamos a voltar para o Brasil, mas aí meu ex-chefe do Japão me fez uma boa proposta e pediu para trazer mais brasileiros. Acabei fazendo essa mediação e estou aqui até hoje”, disse ele. Hoje, Walter vive com a mulher e três filhos, um de 14, um de 9 e uma de 3 anos.

Na terra do sol nascente, com economia e disciplina de samurai, em 1995 ele montou sua própria empresa de terceirização de recursos humanos no Japão, o grupo TS. Ele também possui negócios no setor imobiliário e na agricultura – é produtor de cebolas. Além disso, Walter e Lúcia dirigem um colégio de 1º e 2º graus e mantêm um centro esportivo para uso dos funcionários da fábrica e suas famílias. A empresa tem um escritório especializado em oferecer auxílio e suporte a brasileiros, para a concessão de vistos, carteira de identidade para estrangeiro (gaijin toroku), seguro saúde e moradia. O grupo todo conta com mais de 50 empresas e 450 funcionários, sendo 90% deles brasileiros. Walter também é proprietário de 54 apartamentos na província de Saitama. Os imóveis ficaram à disposição das vítimas resgatadas.

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Desde a operação, Walter Saito se tornou quase uma celebridade. “Desde então, o telefone dele não para de tocar”, a irmã Sueli. “Ele me falou que a coisa estava feia por lá, principalmente por causa do frio e da neve. As pessoas estão com grande dificuldade para se locomover.” Segundo Sueli, a solidariedade é um traço natural no caráter do empreiteiro. “Ah, ele sempre foi assim. Ele vai aonde as pessoas estão precisando, gosta de cuidar, de ajudar”, declara a irmã orgulhosa, enquanto aguarda novo contato.

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