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Mundo

A menina chamada Facebook

Ainda bem que existem meninas e meninos com nomes de redes sociais, para que as pessoas não esqueçam como a liberdade de expressão faz a diferença

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O Egito tem 80 milhões de habitantes, dos quais 5 milhões estão plugados no Facebook. Ou seja: 6,5% da população acabou influenciando a maioria na mobilização pela derrubata do regime de Hosni Mubarak. Esta é a primeira revolução política em que as redes sociais são usadas como arma de mobilização das massas. E o fato de ter acontecido no Egito, um país onde a maioria do povo é pobre e sem acesso a serviços básicos de educação e saúde, mostra que basta a informação circular livremente para que as coisas aconteçam. O símbolo desta revolução saída das redes sociais é uma menina batizada pelo pai de Facebook.

O que está acontecendo no mundo árabe é a potencialização do que já aconteceu na Ucrânia durante a Revolução Laranja de 2004/2005, quando o povo usou o SMS, os populares torpedos, para a mobilização contra a corrupção e a fraude eleitoral, ou na Espanha para o protesto silencioso após o atentato de 11 de março de 2004 na estação ferroviária de Atocha, em Madri.

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A China, que já censura a internet, decidiu, em janeiro do ano passado, censurar os torpedos. Quem enviar textos com determinadas palavras tem o serviço de mensagens de texto cortado. No dia 19 de fevereiro deste ano, o governo de Pequim aumentou ainda mais a censura aos torpedos, temendo uma onda de protestos como consequência da agitação política vivida no mundo árabe.

As redes sociais e a globalização da troca de informações tem infernizado a vida dos governos mundo afora. Até o net boy Barack Obama sucumbiu à tentação de algemar as redes sociais. A Casa Branca vai apresentar ao Congresso proposta de lei para regular serviços de comunicação on-line como Skype e Facebook e facilitar grampos de mensagens de texto e voz. A intenção é obrigar qualquer serviço a ser capaz de decodificar e enviar ao governo toda a comunicação que passa por suas plataformas. Funcionários de várias agências governamentais vêm trabalhando em um rascunho de lei, que pode dar ao presidente o poder de mandar desligar a internet. A CIA já usa agentes no monitoramento de redes sociais e blogs. A desculpa, como sempre, é o terrorismo.

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Governos, políticos e poderosos em geral não gostam nem um pouco de redes sociais e essas liberdades de expressão e críticas e, o mais importante, detestam reações em tempo real. Como sempre, a sociedade anda na frente deste pessoal, como registrou o professor Dennis Johnson no seu livro Congress Online, o primeiro a estudar a fundo as relações entre o poder político e as ferramentas digitais. Ele conta uma história pitoresca: em 1869, Thomas Edson, inventor da lâmpada elétrica, levou ao Congresso Americano protótipo de uma máquina de votar capaz de tornar mais rápidas as decisões das duas Casas. Recebeu um balde de água fria do presidente da Câmara: “Meu rapaz, isso mais atrapalha do que ajuda. Leve embora daqui”. Somente mais de cem anos depois o Congresso adotaria engenhoca semelhante.

O exemplo do mundo árabe, que experimenta o efeito dominó da queda de Mubarak, e o caso Wikileaks estão provocando uma perigosa reação de governos contra a internet e a liberdade de expressão, a privacidade das comunicações e a livre circulação da informação. Querem transformar a internet num passarinho de gaiola: pode cantar a vontade, desde que esteja preso. Muita gente achou graça ao ver a notícia do egipcio que batizou a filha de Facebook. Ainda bem que existem meninas e meninos com nomes de redes sociais, para que as pessoas não esqueçam como a liberdade de expressão faz a diferença.

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