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Mundo

A rica França empobrece

Correspondente 247 em Paris, Roberta Namour mostra que por trs de grifes como Chanel e Veuve Clicquot, a ptria do luxo avana na precariedade financeira: 4,1 milhes de franceses vivem com menos de 773 euros por ms; um em cada sete pobre

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Roberta Namour, correspondente do 247 em Paris - A França é o país de Coco Chanel, da alta gastronomia e do luxo. Mas nos últimos anos, o país tem conhecido uma realidade de pobreza, desigualdade e precariedade. Nesta semana, o instituto Insee divulgou um estudo sobre o nível de vida dos franceses em 2009, o primeiro ano que começou oficialmente em crise, desencadeada no final de 2008. Os dados são alarmantes e estima-se que tenham se agravado nesses dois últimos anos.

Atualmente, um a cada sete franceses é considerado pobre. Em 2009, 8,2 milhões de pessoas viviam na linha da pobreza, com 954 euros por mês. Essa taxa saltou para 13,5% da população – uma alta de 0,5 ponto em relação a 2008, ou 400 mil pessoas a mais. Além disso, a crise acentuou ainda mais a intensidade da pobreza no País. Os pobres de 2009 ficaram ainda mais pobres do que em 2008. Cerca de 4,1 milhões de pessoas vivem com menos de 773 euros por mês.

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Como a França chegou a esse ponto? A alta do desemprego foi a principal causa da queda do nível de vida entre os pobres. Isso aconteceu apesar de o governo ter aumentado as ajudas sociais para limitar os efeitos da crise, segundo o Insee. A participação dos benefícios sociais na renda de 10% dos franceses mais pobres aumentou para 39,3% em 2009, contra 36,3% em 2008. Desses, fazem parte um estudante a cada cinco e um aposentado a cada dez.

Segundo o presidente do Secours Populaire francês, os dados da Insee estão muito abaixo da gravidade da situação atual. “Existem cada vez mais trabalhadores que se encontram em nível de pobreza. A miséria aumentou também entre os jovens, que nunca foram tão numerosos a pedir ajuda no Secours Populaire”, afirma. Gestores, pequenos comerciantes e artesões, que não tinham sido afetados pela crise antes, agora fazem parte desse grupo, acrescenta.

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Um dos principais reflexos dessa situação, são as condições de moradia. Entre 70 mil e 120 mil pessoas moram em trailers. Eles são principalmente assalariados de baixa renda, beneficiários de ajudas sociais, aposentados, famílias desabrigadas à espera de residência fixa e estudantes.

Após a Segunda Guerra Mundial, o problema de moradia dos sem-teto provenientes das cidades destruídas resultou no aparecimento de conjuntos habitacionais subsidiados pelo governo, na periferia. Os trabalhadores que vieram dos quatro cantos do mundo para ajudar na reconstrução do país engordaram ainda mais a lista dos necessitados. A partir dos anos 1990, a crise da habitação se agravou. Algumas pessoas se viram obrigadas a procurar formas alternativas de abrigo, como em campings ou com apropriações ilegais.

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Os franceses mais pobres são também os mais solitários. Segundo um estudo publicado em julho deste ano pela Fondation de France, o isolamento conduz à precariedade. “A pobreza não deve ser considerada apenas em termos monetários. A ausência de laços sociais a define tanto quanto o dinheiro”, diz o estudo. Cerca de 18% das pessoas que tem renda inferior a 1 mil euros mensais não desenvolvem nenhuma relação estável, seja com a família, amigos, vizinhos, ou no trabalho. E 6% dessas pessoas não tem acesso à internet – o que dificulta ainda mais as relações sociais.

Com o aumento do déficit público e do índice de desemprego, essa realidade está longe de mudar. Quem passa pela avenida Champs Elysée, em Paris, não faz ideia que a média salarial do francês é de 1,5 mil euros por mês.

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