Ao equilibrar laços com Rússia e Ocidente, Turquia 'mina a segurança para a UE', diz especialista

A publicação de relatórios não vinculativos antiturcos não é incomum para o Parlamento Europeu, disseram especialistas à Sputnik

(Foto: Reuters/Vincent Kessler)


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Sputnik - A publicação de relatórios não vinculativos antiturcos não é incomum para o Parlamento Europeu, disseram especialistas à Sputnik.

O Ministério das Relações Exteriores turco atacou o último relatório anual do Parlamento Europeu sobre a Turquia, enquanto o documento criticava Ancara pelos seus laços estreitos com a Rússia, entre outras coisas.

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Membros do Parlamento Europeu criticaram Ancara por não restringir os meios de comunicação russos em meio a operação especial militar russa na Ucrânia, ao mesmo tempo que impulsiona o comércio russo-turco, acolhe cidadãos russos e não adere ao movimento das sanções contra Moscou.

"É essencial que a Turquia continue empenhada com a União Europeia [UE], também na implementação de sanções contra a Rússia, em particular no que diz respeito aos produtos sancionados", disse o Comissário da UE para a Ampliação e Política de Vizinhança, Oliver Varhelyi.

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Ao mesmo tempo, o relatório manifesta preocupação em relação a um "declínio significativo no alinhamento da Turquia com a Política Externa e de Defesa da UE, caindo para apenas 7% em 2021".

O Ministério das Relações Exteriores turco afirmou em um comunicado que o relatório era "uma coleção de alegações e preconceitos infundados" e mostrou que os seus membros não conseguem desenvolver "a abordagem estratégica correta para a UE, bem como para a nossa região".

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Embora reconheça o papel construtivo da Turquia na "facilitação das conversações entre a Ucrânia e a Rússia", o relatório, em particular, acusa Ancara de "não restringir as operações dos meios de comunicação russos" no contexto da guerra por procuração da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) contra a Rússia na Ucrânia, que Ocidente insiste em chamar de "guerra de agressão russa".

"Eu diria apenas que o Parlamento Europeu, em particular, tem o hábito de emitir relatórios antiturcos, que não são levados a sério na Turquia", disse Hasan Unal, professor de ciência política e relações internacionais na Universidade Baskent de Ankara, à Sputnik.

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Ele descreveu o relatório como "apenas mais um documento burocrático enchendo as prateleiras do Parlamento Europeu", que "apenas garante que seja tratado na Turquia como uma instituição muito hostil e é assim que é visto de fato".

"Basicamente, o Parlamento Europeu está se tornando motivo de chacota. Às vezes você ri e outras vezes simplesmente joga o papel fora e deixa que os burocratas lidem com ele. Geralmente, é assim que as coisas são vistas neste país", disse Unal.

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Quando questionado se a Turquia poderia ser vítima de uma caça às bruxas da UE, ele não descartou tal cenário, acrescentando que Ancara "basicamente vê maiores oportunidades em lidar com" Moscou, "embora não através de lucros de guerra".

"E os meios de comunicação russos neste país são basicamente livres para operar. E eu não pensaria que aa Turquia faria algo sobre isso. A União Europeia e particularmente o Parlamento Europeu são e serão muito críticos em relação a isso", apontou o cientista político.

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O analista foi parcialmente repetido por Hasan Selim Ozertem, analista político e de segurança baseado em Ancara, que disse à Sputnik que, nos últimos dois anos, "os relatórios sobre a Turquia da UE perderam o seu poder transformador e influência na política turca".

Sobre o relatório do Parlamento Europeu, Ozertem apelidou-o de "um documento decepcionante para a Turquia", apontando especificamente para a parte do relatório, onde "as tentativas de Ancara de manter os laços com a Rússia e o Ocidente simultaneamente são vistas como minando a harmonização da Turquia com a segurança comum da UE e a política externa."

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"Como observei, este é um documento consultivo não vinculativo. Atualmente, o gabinete [do chefe da política externa da UE], Josep Borrell, também está trabalhando em um quadro para revitalizar o diálogo com a Turquia. O documento do Parlamento Europeu ignora uma relação não normativa baseada no transacionalismo. Nós veremos mais tarde o quadro traçado pelo gabinete de Borell sobre esta perspectiva", concluiu Ozertem.

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