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Apagão nuclear

Dilma se diz "extremamente preocupada" com a catstrofe japonesa e admite rever a poltica nuclear

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O desastre nuclear em Fukushima já provoca repercussões no Brasil. O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse nesta terça-feira que a presidente Dilma Rousseff está “extremamente preocupada” com a questão nuclear. Ele afirmou ainda que a crise internacional relacionada à energia atômica pode ter impactos na política nuclear brasileira. O Brasil tem duas usinas (Angra 1 e Angra e 2) e constrói uma terceira. “Vamos avaliar com responsabilidade”. Especialistas, como o físico José Goldemberg, defendem o congelamento dos planos nucleares no Brasil e o deputado Eduardo Cunha, com forte influência no setor elétrico, promete reabrir um debate no Congresso sobre o tema (leia mais na editoria Brasil).

No Japão, o pânico é geral. Depois de três explosões nos reatores em Fukushima e o governo japonês finalmente admitiu que os níveis de radiação podem comprometer a saúde humana. A consequência? As ações do índice Nikkei caíram mais de 16% em dois dias – e recuperaram parte das perdas apenas nesta quarta-feira. O Japão já pediu ajuda aos Estados Unidos para tentar esfriar seus reatores. E a população foge de Tóquio, para escapar da nuvem de radiação.

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Depois das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, o Japão vive hoje seu terceiro pesadelo nuclear. As vítimas do terremoto já são 3,7 e mais de 15 mil pessoas ainda estão desaparecidas.

Hoje, a história mais emocionante que vem do Japão é a dos 50 heróis de Fukushima. Até a terça-feira, 800 técnicos, entre operários, bombeiros, policiais e engenheiros, tentavam controlar as explosões dos reatores de Fukushima. O governo permitiu que todos abandonassem o trabalho, em função dos altos riscos de contaminação radioativa. Mas 50 decidiram permanecer, por conta e risco. Eles já são tratados como os “50 de Fukushima” e vistos como heróis pela população japonesa. A Tokyo Eletric Power, responsável pela operação da planta, no entanto, não revela as suas identidades.

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Até o desastre de Fukushima, foram 25 anos sem acidentes nucleares graves. O último, o de Chernobyl, na Ucrânia atingiu 2,3 milhões de pessoas, que foram contaminadas pela radiação ou tiveram de deixar seus lares. Desde então, com a escassez do petróleo e de outras fontes de energia, vários países voltaram a apostar na energia nuclear. Até que acontecesse o Chernobyl japonês, com Fukushima, que já provocou a evacuação de 600 mil pessoas. E aquela energia, que parecia segura, agora está de novo na marca do pênalti – inclusive no Brasil. O presidente do Senado, José Sarney, declarou que há necessidade de revisar os projetos nucleares para garantir mais segurança. “Mesmo Angra 3 deve ser melhor avaliada”, disse o presidente do Senado. “O governo deve fazer uma análise das nossas usinas em relação ao que aconteceu no Japão”.

Sarney não é um personagem irrelevante nesse debate. Há anos, o senador maranhense manda e desmanda no setor elétrico. O ministro Edison Lobão foi indicado ao cargo por ele e tem um plano de construir mais oito usinas nucleares até 2030. Hoje, o Brasil tem duas em operação, Angra 1 e Angra 2, que, juntas, geram 2 mil megawatts. Angra 3, que fica pronta em 2015, colocará mais 1.080 megawatts no sistema, ao custo de R$ 10,4 bilhões – o que demonstra ainda que, no Brasil, a fonte nuclear é uma das mais caras.

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Embora Sarney tenha demonstrado preocupação, sua declaração foi criticada por ambientalistas. “A declaração foi infeliz porque o Brasil tem plenas condições de se abastecer utilizando outras fontes”, disse ao Brasil 247 Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energia renováveis do Greenpeace, uma instituição que, há anos, alerta para um possível “Apocalipse nuclear”.

O desastre de Fukushima também repercutiu em outros países. A Alemanha decidiu nesta segunda-feira 14 suspender a extensão do tempo de vida de seus reatores nucleares e a Suíça interrompeu os planos para substituir suas antigas usinas e a França também colocou o tema em debate. As decisões são anunciadas em meio à crise enfrentada pelo Japão em algumas de suas usinas, com o risco de vazamentos de radiação após um terremoto seguido de um tsunami.

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A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, anunciou a suspensão temporária do plano do governo de estender a vida operacional das 17 usinas nucleares do país. Apesar da ampla rejeição da energia nuclear pela população alemã, no ano passado o governo decidiu permitir que as usinas operassem em média 12 anos além do previsto anteriormente. A medida mudou a decisão anterior de trocar os reatores por volta de 2022.

Na Suíça, as autoridades "decidiram suspender os atuais processos relacionados aos pedidos de autorização geral para substituição das usinas de energia nuclear até que padrões de segurança possam ser cuidadosamente reexaminados e, se necessário, adaptados", afirmou o Escritório Federal para Energia em um comunicado. A Superintendência Federal para Segurança Nuclear foi ordenada a "analisar as causas exatas do acidente no Japão e tirar conclusões sobre possíveis novos padrões".

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Luis Echavarri, diretor da agência nuclear da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), afirmou que as perspectivas da indústria nuclear global serão prejudicadas no curto prazo pelos eventos ocorridos em usinas do Japão após o terremoto da última sexta-feira. "As pessoas vão querer saber muito mais sobre o que aconteceu antes de tomar uma decisão", disse.

(com informações da Agência Estado e das agências internacionais)

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