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      Aprovado impeachment, Lugo diz que não renuncia

      Câmara dos Deputados do Paraguai aprova nesta manhã, por 73 votos a 1, processo que tiraria presidente do Paraguai de seu posto, após conflito que deixou 17 policiais e camponeses mortos na semana passada

      Aprovado impeachment, Lugo diz que não renuncia (Foto: JORGE ADORNO/Reuters)
      Gisele Federicce avatar
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      247 – O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, disse que não irá renunciar e que pretende ser julgado pelo processo de impeachment aprovado nesta manhã pela Câmara dos Deputados no país, controlada pela oposição de seu governo. Na semana passada, 17 policiais e camponeses morreram durante um conflito agrário motivado por disputa de terras.

      "Este presidente não vai apresentar renúncia ao cargo e se submete com absoluta obediência à Constituição e às leis para enfrentar o julgamento político com todas as suas consequências", disse o presidente, em uma mensagem ao país.

      O impeachment foi aprovado por 73 votos a favor e apenas 1 contra. O pedido agora passará pelo Senado, também controlado pelos adversários do presidente. Se aprovado, o julgamento será realizado na própria casa.

      Eleito há quatro anos, o ex-bispo católico tem tido dificuldades para cumprir suas promessas quando candidato, entre elas a de defender as necessidades dos pobres. O acidente ocorrido na semana passada foi considerado um dos piores do tipo no país em duas décadas.

      O confronto

      Na sexta-feira 15, 17 pessoas morreram e centenas ficaram feridas em confrontos entre policiais e camponeses sem terra, próximo à fronteira com o Brasil. Segundo o ministro do Interior, Carlos Filizzola, o tiroteio aconteceu durante uma operação policial de reintegração de posse de uma fazenda invadida em Curuguaty, no departamento (estado) de Canindeyú, próximo à fronteira com o Paraná.

      "São sete policiais e nove ou dez camponeses (mortos)", disse Filizzola. O fato aumentou a tensão em torno da questão agrária no Paraguai. A operação ocorreu na fazenda do empresário Blas N. Riquelme, onde centenas de policiais chegaram com um mandado da Justiça determinando a retirada dos camponeses do terreno.

      O confronto armado ocorreu em uma região de selva que foi cercada pela polícia. No dia, Fernando Lugo lamentou as mortes em um pronunciamento na residência presidencial de Mburuvicha Roga, na capital do país. "Manifesto meu firme apoio às forças de ordem e me solidarizo com as famílias das vítimas fatais que entregaram suas vidas durante o cumprimento de uma missão", disse o presidente. Ao mesmo tempo, o Congresso Nacional convocou uma sessão extraordinária para analisar a situação.

      Na ocasião, parlamentares chegaram a cogitar a discussão no Congresso sobre uma medida para destituir Filizzola de suas funções. O ministro afirmou, por sua vez, que não pretendia deixar a pasta. "Não vou renunciar ao cargo", afirmou. Ele disse ainda que "não é a primeira vez" que o mesmo grupo invade as terras de Riquelme.

      Os camponeses envolvidos no confronto fazem parte da chamada Liga Nacional de Carperos (Liga Nacional de Acampados, em tradução livre). Em um comunicado, a Mesa Coordenadora Nacional de Organizações Camponesas (MCNOC), que reúne setores dos sem terra, criticou o governo nacional.

      "Rejeitamos os assassinatos de camponeses e de policiais e de centenas de feridos em uma mostra de irresponsabilidade do governo e destacamos que não será desta maneira que se dará uma resposta aos graves problemas da população paraguaia", diz o texto.

      A MCNOC tem reivindicado uma política de reforma agrária no país e critica a expansão do agronegócio no Paraguai.

      Com informações da Reuters e da Agência Brasil

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