Arcebispo armênio é condenado a dois anos de prisão
Clérigo é acusado de incitar golpe após criticar entrega de territórios a Azerbaijão
247 - O arcebispo Mikael Ajapahyan, figura de destaque da Igreja Apostólica Armênia, foi condenado nesta sexta-feira (3) a dois anos de prisão sob a acusação de incitar um golpe de Estado. A decisão foi anunciada por um tribunal em Yerevan, capital da Armênia, e marca mais um capítulo da crescente disputa entre a hierarquia religiosa do país e o governo do primeiro-ministro Nikol Pashinyan. As informações são do portal RT.
Segundo a reportagem, Ajapahyan vinha sendo investigado desde junho, quando foi preso preventivamente, após conceder entrevistas em que defendia a derrubada do atual governo. A promotoria havia solicitado uma pena de dois anos e meio, enquanto a defesa do arcebispo negava qualquer crime e afirmava que as acusações tinham motivação política.
Conflito entre governo e Igreja
A tensão se intensificou após Pashinyan aceitar a devolução de vilarejos fronteiriços ao Azerbaijão, rival histórico da Armênia em disputas territoriais. O premiê argumenta que a medida é parte de um acordo para encerrar décadas de conflitos, mas opositores o acusam de “traição aos interesses nacionais”.
Dentro da Igreja Apostólica, o movimento contrário ao governo ganhou força. Ajapahyan, em declarações após ser detido, criticou duramente o processo judicial: “O Senhor não perdoará os patéticos servos que sabem muito bem o que fazem”.
Em agosto, o líder máximo da instituição, Karekin II, Patriarca Supremo e Catholicos de Todos os Armênios, denunciou uma “campanha ilegal contra a Santa Igreja Apostólica Armênia e seu clero por parte da força política governante”.
Prisões de outros religiosos e reação internacional
O caso de Ajapahyan não foi isolado. Em junho, outro clérigo influente, o bispo Bagrat Galstanyan, também foi preso, acusado de terrorismo e de preparar um golpe.
A repercussão ultrapassou as fronteiras armênias. Porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov declarou que a crise é um “assunto interno da Armênia”, mas reconheceu que a ampla diáspora armênia na Rússia acompanha os acontecimentos “com dor” e rejeita a forma como as prisões vêm sendo conduzidas.
A condenação de Ajapahyan evidencia a profundidade do racha entre Estado e Igreja na Armênia, em um momento de forte instabilidade política e social no país.



