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"Ascensão da extrema direita na Itália não é um fenômeno isolado", diz Breno Altman

Segundo o jornalista, "a roda da prosperidade travou. Os filhos vivem pior do que os pais", o que abre espaço para a extrema direita, já que a esquerda europeia perdeu força

Breno Altman e Giorgia Meloni (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil 247 | REUTERS/Guglielmo Mangiapane)

247 - O jornalista Breno Altman, em participação no programa Bom Dia 247 desta segunda-feira (26), afirmou que a eleição de Giorgia Meloni, candidata de extrema direita eleita que foi eleita no domingo (25) para ser a primeira-ministra da Itália, não foi uma” novidade” ou um “fato inesperado”. “A  ascensão da extrema direita não é uma novidade, nem a vitória da extrema direita italiana é um fato exatamente inesperado. Há um crescimento nos países capitalistas, a gente viveu isso na França, na Espanha, Portugal, a ascensão do Trump nos Estados Unidos... Então é um fenômeno de crescimento da extrema direita", disse. 

Segundo ele, a eleição de Meloni, “se justifica por um fenômeno triplo, e na Itália esses fatores são muito sensíveis. O primeiro é que a vida dos europeus, das classes trabalhadores, está piorando muito nos últimos anos. A roda da prosperidade travou, os filhos vivem pior que os pais. Há um segundo fator: a lógica da acumulação capitalista na Europa, a mesma que leva a fazer com os filhos vivam pior que os pais, estabelece uma contradição cada vez mais aguda entre o caminho dessa acumulação, que é o neoliberalismo, e a democracia. A lógica da acumulação capitalista hoje não é de expandir mercados, é de reduzir custos. Então tem que reduzir salários, direitos, serviços sociais”. 

“Essa direita tradicional vai perdendo a confiança de determinados setores da burguesia europeia para instituir essas medidas, e isso vai fazendo com que ascendam grupos extremistas. E um terceiro fator tem a ver com a deterioração da esquerda europeia. Você não tem mais a esquerda antissistema na Europa. Você não tem nenhuma força de massa que dispute para valer o governo nacional pela esquerda. Então essa extrema direita conseguiu espaço para crescer, junto a setores da burguesia, junto ao povo, e espaço porque fala sozinha, não tem uma esquerda que dispute", avaliou.

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