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Assange negocia acordo judicial com os Estados Unidos

Se as negociações forem bem sucedidas, o fundador do WikiLeaks poderá sair em liberdade depois de já ter cumprido pena numa prisão britânica

Protesto contra a extradição de Julian Assange em Londres, Reino Unido (Foto: Reprodução/X)

RT - O Departamento de Justiça dos EUA está considerando se permite que o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, se declare culpado de um delito, a fim de evitar a extradição para os EUA sob acusações de espionagem, informou o Wall Street Journal nesta quarta-feira.

O acordo faria com que Assange se declarasse culpado de mau uso de informações confidenciais, com os cinco anos que ele já cumpriu na prisão de Belmarsh, em Londres, contando como sua sentença, disseram fontes anônimas ao jornal. 

Os advogados de Assange e autoridades norte-americanas mantiveram conversas preliminares nos últimos meses para esboçar um possível acordo, disseram as fontes. No entanto, Barry Pollack, advogado do jornalista preso, disse ao jornal que “não há sinais” de que o departamento esteja pronto para aceitar o acordo.

Se um acordo fosse alcançado, isso encerraria uma batalha legal em curso por mais de uma década. Após sua prisão pela polícia britânica em 2010 por alegações de ofensas sexuais que ele negou, Assange pulou a fiança em 2012 e recebeu asilo na embaixada equatoriana em Londres. Ele foi preso novamente em 2019 quando o Equador revogou seu asilo e tem permanecido em Belmarsh desde então.

O Departamento de Justiça divulgou uma acusação contra Assange no dia da sua prisão, acusando-o de espionagem. Se extraditado para os EUA e condenado, o ex-chefe do WikiLeaks pode pegar até 175 anos de prisão.

As acusações decorrem da publicação de material confidencial obtido por denunciantes, incluindo documentos do Pentágono que detalham alegados crimes de guerra dos EUA no Iraque e no Afeganistão.

O Ministério do Interior do Reino Unido aprovou a sua transferência para custódia americana em 2022, mas Assange – agora com a saúde debilitada depois de quase cinco anos de confinamento solitário – apresentou repetidos apelos, nenhum dos quais teve sucesso. No mês passado, o Supremo Tribunal britânico adiou a decisão de conceder a Assange uma última oportunidade de recorrer da sua extradição.

A utilização da Lei de Espionagem por Washington para processar Assange é controversa, uma vez que o jornalista australiano publicou, mas não roubou, o material confidencial em questão. O ex-presidente dos EUA, Barack Obama, recusou-se a apresentar queixa contra Assange por esta mesma razão, argumentando que a sua atividade não era diferente da de qualquer jornal e, portanto, estava protegida pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA.

Com as eleições se aproximando, o presidente dos EUA, Joe Biden, está empenhado em evitar a “batata quente política” de um jornalista extraditado que chega a Washington para enfrentar um processo criminal, escreveu o Wall Street Journal. Além disso, “os promotores norte-americanos enfrentam probabilidades cada vez menores de que ele cumpra muito mais pena, mesmo que seja condenado nos Estados Unidos”, observou o jornal.

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