Boca de urna indica vitória do PRI no México
Partido que governou o país durante 71 anos e se notabilizou por consolidar uma estrutura corrupta promete, na figura de Enrique Peña Nieto, retornar com novo caráter; boca de urna lhe dá de 39% a 42% dos votos
247 – Famoso por ter estabelecido a "ditadura perfeita" no México, nas palavras do escritor peruano Mario Vargas Llosa, o Partido Revolucionário Institucional (PRI) está prestes a voltar ao poder. A eleição do conservador Vicente Fox, em 2000, foi celebrada como o fim de uma época de corrupção e fraudes eleitorais que perpetuou o partido na liderança do país, mas, 12 anos depois de governos do Partido Ação Nacional (PAN), até Fox concorda que está na hora de alternar o poder no México e, para tanto, chegou a apoiar o candidato do PRI, Enrique Peña Nieto. Pesquisas de boca de urna indicam que Peña Nieto teve de 39% a 42% dos votos, o que lhe garantiria a vitória.
O curioso apoio de Fox ao PRI foi, na verdade, consequência do fraco desempenho da candidata da situação, Josefina Vazquez Mota (PAN), na corrida eleitoral – fruto, como o próprio ex-presidente conversador admite, do insucesso dos dois últimos governos de promoverem as reformas de que o México precisa. Entre Peña Nieto e o candidato de esquerda Andres Manuel Lopez Obrador (PRD), apelidado por Fox de "Lopez Chávez", o ex-presidente preferiu optar pelo candidato do PRI, assim como mais de 40% da população – a eleição no México é decidida no primeiro turno, independente da diferença entre o primeiro e o segundo colocados.
"O novo"
Peña Nieto já foi governador do estado do México e conseguiu o apoio da maior parte dos mexicanos ao prometer reduzir a violência do narcotráfico e fomentar a criação de empregos para jovens – dois dos principais problemas do país, responsáveis pela queda de popularidade do governo do PAN. O candidato do PRI se apresenta como uma "nova cara" do partido e sua eleição é uma prova de que o povo mexicano já não teme tanto o governo que se perpetuou no poder graças à corrupção. A expectativa é de que os últimos 12 anos tenham sido o bastante para amadurecer a estrutura política do México a ponto de dificultar projetos autoritários.
As eleições deste domingo, por exemplo, foram as mais controladas da história do México, graças a um sistema de apuração moderno, 700 observadores internacionais e 1 milhão de cidadãos designados para acompanhar o processo em 99,9% dos locais de votação. O resultado oficial sai no fim da noite, por volta das 23h45 de Brasília.
Pairam sobre Peña Nieto, contudo, suspeitas de vínculos com a Televisa, principal emissora privada do país, o que teria lhe valido favorecimentos durante a campanha eleitoral. Além disso, durante o processo eleitoral, três governadores priistas se envolveram em um caso de corrupção, recuperando o receio dos mexicanos em relação ao partido.
Juventude
Mas esse receio se concentra entre os mexicanos mais velhos, que viveram sob o governo do PRI e viram, por exemplo, o resultado das eleições de 1988, que daria a vitória à oposição, ser alterado. De 2006 a 2012, o número de cidadãos maiores de 18 anos registrou um aumento de 11%, o que significa que 8,2 milhões dos 79,5 milhões dos mexicanos que votaram neste domingo não viveram aquela época e, portanto, não têm motivos pessoais para rejeitar o PRI.
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