Brasil visa mercado de semicondutores de Taiwan para aumentar indústria de chips
O interesse de Taiwan na América Latina e, em especial no Brasil, foi tornado público nesta semana
Sputnik - Autoridades taiwanesas e empresários do centro global de tecnologia estão conversando com seus colegas do Brasil sobre como trabalhar para ajudar a maior economia da América Latina a desenvolver sua nascente indústria de semicondutores, relata mídia chinesa.
O interesse de Taiwan na América Latina e, em especial no Brasil, foi tornado público nesta semana, após uma reunião do Ministério de Assuntos Econômicos de Taiwan. De acordo com um briefing divulgado, Taipé "tem capital e know-how para ajudar o Brasil a realizar seus planos de construir uma indústria doméstica de semicondutores".
Empresários e funcionários do governo de ambos os lados no encontro atestaram o "potencial" do mercado brasileiro de semicondutores e disseram que ele pode se desenvolver com base na experiência de Taiwan.
A reunião também abordou a proposta de cooperação Taiwan-Brasil em cidades inteligentes. As empresas taiwanesas estão avaliando possíveis negócios em partes do Brasil onde as políticas do governo local promovem energia renovável e veículos elétricos, disse o organizador.
O Ministério de Assuntos Econômicos de Taiwan estima que uma maior cooperação com Taiwan ajudaria o Brasil a aumentar seu setor de tecnologia de US$ 50 bilhões (R$ 266,27 bilhões), que agora é dominado por contratos de fabricação que geralmente precisam de chips.
"Designers, fabricantes e embaladores de chips taiwaneses para o mercado global poderiam, por sua vez, encontrar novos negócios no Brasil", afirma a pasta.
"É uma oportunidade de negócios, e não apenas isso, é também uma preocupação diplomática", disse Liang Kuo-yuan, analista em think tank com sede em Taipei, em consulta ao South China Morning Post.
"O Brasil é, claro, um grande país latino-americano, então sua escala econômica não é ruim", avaliou.
O Brasil seria o "melhor parceiro" de Taiwan na América Latina porque o país, segundo explicação do analista, segue acordos tarifários preferenciais com Argentina, Paraguai e Uruguai.
Brasil e Taiwan movimentaram US$ 4,25 bilhões (R$ 22,63 bilhões) em comércio no ano passado, um aumento de 40% em relação a 2020. O Brasil é o principal parceiro comercial de Taiwan na América Latina, depois do México.
A Foxconn Technology, com sede em Taiwan , a maior montadora contratada de eletrônicos de consumo do mundo, opera uma fábrica de montagem no Brasil. Desenvolvedores taiwaneses de computadores e outras tecnologias também fabricam no país.
Taiwan fornece cerca de 60% dos chips semicondutores do mundo. Devido à escassez de chips durante a pandemia e ao declínio das relações sino-americanas, as empresas taiwanesas de chips enfrentam pressão dos países ocidentais para fabricar pequenos componentes mais perto de seus mercados, se distanciando da China.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil anunciou em abril que tinha planos para desenvolver um setor de semicondutores.
